Sábado, 20 de Abril de 2024

Na croácia operária, coadjuvantes protagonizam cenas decisivas

BrasilO Globo, Brasil 15 de julio de 2018

Moscou Não estamos mais em 1917 e a Rússia está um século diferente. Esperar ...

Moscou Não estamos mais em 1917 e a Rússia está um século diferente. Esperar outra revolução só porque todos os olhos estão no país novamente, nesta Copa do Mundo, soa pretensioso. Mas o futebol, se continua a explicar e ser explicado através de alegorias, permite ver na Croácia um proletariado pronto para pegar em armas pela sua causa. Modric, Rakitic, Mandzukic e até Lovren, que se revezaram nos últimos anos em finais continentais, ocupam os holofotes como líderes. Nas sete posições titulares que lhe restam, o técnico Zlatko Dalic reuniu um coletivo guiado pelo esforço, pela solidariedade e por uma peculiar predisposição a arroubos mundanos que o público, talvez, julgue inusitado em campeões mundiais. Pois é esse status que a Croácia, revolucionária nas expectativas, buscará no estádio Lujniki.
Modric é quem mais serve chances de gol a seus colegas de Croácia, mas pensador algum se justifica sem a massa. O volante Marcelo Brozovic grita "presente!". Modric leva a fama de incansável " e com justiça, visto que é o jogador de maior quilometragem (63 km) nesta Copa. Mas foi Brozovic, silencioso na sombra do craque, quem mais correu nos seus dois jogos completos, contra Argentina e Inglaterra. Chegou, na soma de ambos, a 27,5 km de ação.
Brozovic, além de fazer jornada dupla em campo, lançou moda a partir do futebol. Suas comemorações de gols com mão no queixo viraram tatuagem, mania entre os jogadores croatas e até símbolo na fachada do seu bar, "Epic Brozo", aberto em janeiro. É fácil (e tentador) enxergar no volante só o lado exótico. É também o jeito mais rápido de perder de vista o equilíbrio que trouxe ao meio-campo, liberando Modric para atacar. Quando Brozovic tinha 16 anos, seu pai orientou que largasse a escola para jogar futebol. Podia dar errado, mas esta é uma Croácia que contraria expectativas.
a confiança de perisic
Há outros jogadores que pouco chamam a atenção. O meia Rebic, de 24 anos, acumulava experiências errantes em Itália e Alemanha. Achou seu espaço no Frankfurt ao trabalhar com o técnico croata Niko Kovac. Na Copa, encampou o espírito dos tempos: é o jogador com mais faltas (19) do torneio, na seleção mais faltosa (101). Rebic fez seis infrações, um terço do seu total, em um único jogo, a semifinal. A grande maioria (14) ele cometeu no campo de ataque, pressionando a saída rival. Já deu certo uma vez: contra a Argentina, aproveitou uma bobeira de Caballero e marcou de cobertura.
A defesa tem operários que já viveram momentos de estrelato nesta Copa. O goleiro Subasic roubou a cena em duas disputas de pênalti. Vrsaljko e Strinic, os laterais direito e esquerdo, respectivamente, ajustaram os ponteiros de um time que se sente confortável nos cruzamentos. Domagoj Vida se entendeu com Lovren na zaga, ainda que a postura extracampo ainda dê o que falar. Há seis anos, quando quis tomar uma cerveja no ônibus do Dínamo de Zagreb, a repercussão foi ainda mais brusca: acabou expulso do veículo e multado em € 100 mil. O time estava a caminho de um jogo.
Poucos representam tão bem a angústia dos coadjuvantes croatas quanto Ivan Perisic. Até fazer um gol e dar uma assistência contra a Inglaterra, ele era o jogador que mais se frustrava na frente das traves: chutou 13 vezes para fora nesta Copa, mais do que qualquer outro. Se a Croácia tem o terceiro maior índice de finalizações do torneio (100), deve muito a Perisic: o meia-atacante foi responsável por um quinto (20) das tentativas.
" Depois que marcou o gol, Perisic virou um jogador completamente diferente. Ele sofre de falta de confiança " avaliou o técnico Zlatko Dalic.
Hoje candidato a estrela de uma final de Copa, Perisic embarcou 12 anos atrás para uma experiência no futebol francês, que depois o projetou à Alemanha e, há três anos, para a Inter de Milão. O caminho não começou iluminado por um projeto de carreira: Perisic aceitou a transferência para o Sochaux porque seu pai precisava do dinheiro para pagar as dívidas de seu negócio de criação de galinhas.
" Ele não está no seu ápice, mas em parte é culpa minha, já que pedi para ele ajudar a defesa. Falta fôlego para atacar " admitiu Dalic.
La Nación Argentina O Globo Brasil El Mercurio Chile
El Tiempo Colombia La Nación Costa Rica La Prensa Gráfica El Salvador
El Universal México El Comercio Perú El Nuevo Dia Puerto Rico
Listin Diario República
Dominicana
El País Uruguay El Nacional Venezuela