Martes, 23 de Abril de 2024

Clubes trocam base por atletas ‘prontos’

BrasilO Globo, Brasil 19 de septiembre de 2018

Mercado de usados

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Apesar do histórico bem-sucedido como formador de talentos, o futebol brasileiro tem reduzido o investimento em categorias de base e priorizado a contratação de jogadores "prontos". Esta é uma das conclusões possíveis a partir de novo estudo sobre as finanças dos clubes, executado por Cesar Grafietti, economista e consultor sênior do Itaú BBA.
Baseado nos balanços financeiros referentes às cinco temporadas mais recentes, a última delas em 2017, Grafietti identificou aumento consistente do valor dedicado à aquisição de direitos econômicos de atletas. Na contramão, foram reduzidas as quantias para a base e a infraestrutura.
Entre 2016 e 2017, o investimento na base caiu de R$ 222 milhões para R$ 169 milhões, na soma de todos os 26 clubes avaliados no estudo. Este valor inclui gastos básicos, como alimentação, transporte e hospedagem para garotos, entre outros investimentos diretos. Proporcionalmente, o valor destinado a este fim também perdeu importância dentro dos investimentos totais, com 13% do total no ano passado, o percentual mais baixo nos últimos cinco anos. Aquisições dos direitos de jogadores subiram de 50% para 68%.
Futuro comprometido
As consequências desta escolha são esportivas, partindo da premissa de que investimentos melhoram a qualidade dos jogadores revelados pelos clubes, e também financeiras. Atletas vindos das divisões inferiores geralmente têm custos mais baixos do que os contratados. Na atual conjuntura do futebol brasileiro, em que os seus 26 principais clubes devem mais de R$ 6,6 bilhões, segundo os números apurados pelo Itaú BBA, a prioridade dada ao investimento em atletas formados fora de casa acaba por encarecer a estrutura e comprometer o futuro.
" O investimento na base é conceitualmente mais barato. Não se espera que a base encontre "Neymares" todo o tempo, mas ela tem que garantir que um clube grande não precise buscar fora das suas dependências, pagando caro, atletas para compor o elenco. Este é um dos erros da gestão do futebol brasileiro: contratar nome e quantidade, e não qualidade " avalia Grafietti.
O Flamengo tem de longe o maior investimento entre os grandes clubes da cidade, privilegiado pela melhora de sua situação financeira nos últimos cinco anos, mas repete o padrão nacional. O seu investimento na base aumentou de R$ 6 milhões para R$ 9 milhões no ano passado em relação ao retrasado, enquanto as contratações de jogadores subiram de R$ 37 milhões para R$ 83 milhões. O maior investimento em 2017 foi feito no meia Éverton Ribeiro, hoje com 29 anos. O destaque de 2018 tem sido Lucas Paquetá, de 21, promovido da base e já convocado por Tite.
Exemplo de São Paulo
Botafogo, Fluminense e Vasco convivem com a secura de investimentos e graves crises financeiras. A soma dos valores investidos em aquisições de jogadores "prontos" foi de R$ 31 milhões em 2017, menos da metade do que gastou o Flamengo. As categorias de base do trio receberam, somadas, apenas R$ 1 milhão. Este número considera investimentos diretos na formação de novos jogadores, mas não engloba despesas com transporte, hospedagem e alimentação dos jovens.
No resto do país, o São Paulo continua a ser o clube que mais investe na base, embora esta finalidade, com R$ 22 milhões em 2017, tenha recebido R$ 3 milhões a menos do que em 2016. Não por acaso, é o maior arrecadador do país com a venda de jogadores. A diretoria tricolor também conseguiu investir R$ 82 milhões na contratação de atletas formados, neste caso com um aumento em relação aos R$ 76 milhões da temporada anterior.
Enriquecido por seu estádio e pelo maior patrocínio da atualidade, o Palmeiras foi quem mais investiu em contratações. Só em 2017 foram R$ 161 milhões, o dobro de 2016. A base palmeirense recebeu R$ 16 milhões, a mesma quantia do ano anterior. A direção alviverde conseguiu elevar consideravelmente sua receita com transferências " sobretudo após a saída de Gabriel Jesus, formado nas divisões de base, para o Manchester City no segundo semestre de 2016.
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