Martes, 23 de Abril de 2024

Uma série encantadora

BrasilO Globo, Brasil 23 de septiembre de 2018

Patrícia Kogut

Patrícia Kogut
crítica/ ‘The marvelous Mrs. Maisel’/ Ótima
Série que retrata as vicissitudes do cotidiano de uma mulher daquelas "recatadas e do lar" dos anos 1950, "The marvelous Mrs. Maisel" desbancou favoritos e levou importantes troféus no último Emmy. Para quem pergunta por que isso aconteceu na premiação, que, no ano passado, foi palco de inúmeras manifestações feministas, é bom começar por um argumento de defesa importante: a protagonista, Midge (Rachel Brosnahan), de início uma dona de casa perfeitinha, vai ganhando arestas. Isso acontece à medida em que ela desmonta a figura da mulher irrepreensível nas tarefas domésticas. A personagem faz isso sem jamais perder a ternura e a graça. Mrs. Maisel é maravilhosa também por transformar em comédia todas as fraquezas que vai deixando o público conhecer.
A trama parte do casamento dela. Depois da cerimônia, família e convidados estão reunidos num salão e a noiva faz um divertidíssimo discurso ao microfone. Ela não sabe ainda, mas seu desempenho equivale a um stand-up comedy da melhor qualidade. Midge se empolga. Ela relembra os tempos de faculdade e do namoro e passa a comentar a comida da festa. Até que comete uma gafe: anuncia que os salgadinhos têm recheio de camarão. Imediatamente, o rabino e outros presentes se levantam ofendidos. É que crustáceos não são aceitos no cardápio judaico.
Assim, com essa nota de desastre cômico, começa a vida conjugal certinha da protagonista. O casal tem dois filhos e vive num apartamento confortável num bairro elegante de Nova York. Ela, além de tomar conta da família com esmero, mantém a boa forma e cuida muito da aparência. O marido trabalha num escritório, mas sonha com a carreira artística. Para satisfazer esse desejo reprimido, se apresenta, de forma diletante, em uma casa noturna decaída no Village, então "o" bairro da boemia. Midge o acompanha, fiel. Até que, um dia, ele anuncia que tem um caso com a secretária e quer se separar. Arrasada, ela toma o vinho judaico (tradicionalmente péssimo) que serviria num jantar ao rabino que finalmente a perdoara. Bêbada, vai ao bar que visitava com o marido. E descobre que tem uma grande vocação. Midge é uma espécie de Cinderela do stand-up.
Voltando ao início deste texto, há outras razões para o reconhecimento tão irrestrito de "The marvelous Mrs. Maisel". O roteiro é bem construído, ágil e puxado por diálogos deliciosos, que, por sua vez, soam macios, nunca artificiais, na boca do ótimo elenco. A produção da Amazon Prime Video levou as estatuetas de melhor série cômica, roteiro, direção, atriz (Rachel Brosnahan) e atriz coadjuvante (Alex Borstein). Todas merecidas.
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