Viernes, 19 de Abril de 2024

Adeus, google+

BrasilO Globo, Brasil 16 de octubre de 2018

Cora Rónai

Cora Rónai
Em 2011, recebi um convite para participar de uma nova rede social. Era o Google+, que agora está saindo do ar. A Google repetia a mesma estratégia de lançamento que havia usado com o GMail " os convites criavam sensação e expectativa, e todo mundo queria ser incluído naquele clube seleto.
A nova plataforma tinha um design limpo e elegante, e era um refresco comparada à interface horripilante do Facebook, que nunca teve qualquer apelo visual. Infelizmente essa simplicidade não se traduzia no uso. O Google+ era pouco intuitivo e difícil de usar. Era preciso estudá-lo para tirar proveito de tudo o que oferecia, mas pouca gente estava inclinada a fazer isso.
As pessoas se registravam, faziam um post ou dois, tentavam descobrir o que estava acontecendo por lá mas logo desistiam, desestimuladas pelo ecossistema pouco amigável e pela falta de companhia.
O timing do lançamento também foi ruim. Naquela época, o Facebook já tinha cerca de 250 milhões de usuários, e estava em plena fase de crescimento, atravessando um excelente momento. Pessoas estavam descobrindo o seu potencial, encontrando amigos de infância, curtindo fotos de gatos e de bebês, escrevendo e lendo o que diziam os amigos e influenciadores que aderiam à plataforma. Não havia nem sinal da irritação geral que se nota atualmente no ambiente.
Em suma: tirando o design bonito, não havia nenhuma razão objetiva para alguém trocar o Facebook pelo Google+. Hoje, o mundo das mídias sociais está no ponto para uma nova rede. Assim que surgir uma alternativa viável, o Facebook vai assistir a um êxodo sem precedentes de usuários; mas estava longe de ser o caso há seis, sete anos.
O Google+ foi, essencialmente, um erro de cálculo psicológico. Não havia clima para uma nova rede, nem interesse por uma rede que oferecia o mesmo que a queridinha da turma, mas de forma mais complicada. Todos os ajustes posteriores que sofreu foram inúteis para criar uma base sólida de usuários.
Há alguns dias, quando foi anunciado que a empresa havia deixado vazar os dados de mais de 500 mil usuários, muita gente se espantou. Não com o vazamento, mas com o número: como assim, ainda havia tanta gente naquela cidade fantasma?!
Havia até mais. De acordo com os últimos dados disponíveis, o Google+ tinha mais de 2,2 bilhões de usuários registrados. Um percentual muito pequeno, porém, estava em atividade, e já desde 2015 a sua morte vinha sendo anunciada por analistas e jornalistas da área.
Nesses anos todos, só conheci uma pessoa que usava efetivamente o Google+: o meu amigo querido Carlos Alberto Teixeira, o CAT, eterno pioneiro de tecnologia, sempre empolgado em percorrer novas trilhas. Esta semana, alguém perguntou a ele, no Facebook, o porquê disso.
"Por muito tempo o G+ foi a única rede que oferecia busca real nos conteúdos dos posts", escreveu o CAT. "Você encontrava (e encontra) absolutamente tudo que tinha postado no passado, graças ao motor do Google. E buscava posts alheios também. Na época o Facebook não tinha isso. Assim, fui me habituando ao G+ e pude conhecer e seguir especialistas fantásticos em diversas áreas de meu interesse."
Que venha a próxima rede.
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