Gil gomes tem um lugar na história da nossa tv
Crítica
Crítica
Ao noticiar a morte de Gil Gomes, a CBN levou ao ar um trecho de uma entrevista do jornalista. Já com o antigo vozeirão enfraquecido, ele fazia uma reflexão acerca das razões de ter se tornado uma das mais célebres figuras da reportagem policial: "É que, para mim, tanto a vítima quanto o criminoso são pessoas". Assim, falando para todos, ele marcou a História da televisão brasileira. Seu estilo incluía gestos generosos com a mão e uma trilha musical para amplificar os dramas que narrava. Dava o toque final usando um jeito pausado de falar, agravando os fatos. Era craque em afligir o aflito, no caso, o público. Usava camisas coloridas e espalhafatosas. Na mesma entrevista gravada levada ao ar pela rádio ontem, rebatia as críticas de que esse figurino alegre estava em desacordo com o mundo cão, seu tema, afinal. "Combina, sim. Aliás, combina muito", rebatia. Faz sentido: a espetacularização da notícia, no melhor estilo "se espremer sai sangue", era um pilar de sua escola.
Gil Gomes foi da equipe do popularíssimo nos anos 1990 "Aqui agora", do SBT. O programa, que contava ainda com O Homem do Sapato Branco (Jacinto Figueira Júnior) e Wagner Montes, marcou. Depois dele, o repórter passou por várias emissoras até enfrentar problemas de saúde e ter de parar. Seja você um fã ou não do gênero, há de reconhecer que ele tem herdeiros. Sua presença está nos noticiários policiais, como o "Balanço geral", da Record, ou nas atrações comandadas por José Luiz Datena, na Band. Gil Gomes foi um dos fundadores de um estilo e tinha brilho. Coisa que seus sucessores nem sempre conseguem repetir.