Jueves, 25 de Abril de 2024

Humor e amargura em equilíbrio ideal

BrasilO Globo, Brasil 16 de diciembre de 2018

Patrícia Kogut

Patrícia Kogut
crítica/ ‘The Kominsky Method’> Ótimo
Sandy Kominsky está beirando os 70 e sua carreira de ator já não viceja como no passado. Ele, que um dia trabalhou cercado de grandes estrelas do cinema, como Faye Dunaway e Sally Field, hoje vive de dar aulas para jovens aspirantes. Sandy é interpretado por Michael Douglas em "The Kominsky Method", uma das melhores produções do streaming deste fim de 2018. A Netflix classifica a série como "comédia", mas o que ela pratica não é qualquer humor. Trata-se daquela graça azeda extraída de situações bem tristes, uma chave só dominada pelos mais refinados roteiristas e atores. É o caso aqui.
O personagem de Michael Douglas não é um fracassado. Ao contrário. Foi bem na profissão, seu curso é povoado por pupilos que o veneram e, como indica o letreiro do lado de fora do prédio, ele ensina um método de atuação próprio. A melancolia que pauta a narrativa não advém de situações extremas ou surpreendentes. Ela é gerada por acontecimentos previsíveis na vida do cidadão comum: a perda de uma amiga querida com câncer ou a ida ao urologista para examinar a próstata. Sandy atravessa as vicissitudes naturais do envelhecimento e esse é o tema central da trama.
O melhor amigo do protagonista e também seu agente é Norman Newlander (Alan Arkin, que levou o Oscar de melhor ator coadjuvante por "Pequena Miss Sunshine"). Quando a história começa, ele fica viúvo e a amizade dos dois, já fraterna, se estreita mais ainda. Alguns dos melhores momentos da série se desenrolam na cerimônia fúnebre da mulher de Norman, que também era atriz. Ela deixa um documento em que detalha o que quer que aconteça no evento. Jay Leno, por exemplo, deve fazer um discurso, "mas sem falar demais", e Patty Labelle terá de cantar "Voulez-vous coucher avec moi ce soir?". Seus desejos póstumos se realizam. "The Kominsky Method", aliás, é preciso dizer, reúne uma lista impressionante de participações especiais. Além deles, Ann-Margret e Elliot Gould aparecem em cenas curtas, mas que servem a mostrar o prestígio da produção. O elenco central é compacto. Além dos dois, há Mindy (Sarah Baker), filha de Sandy, que administra o curso, e Lisa (Nancy Travis), uma divorciada com quem ele se envolve.
O formato representa outro ponto alto: são oito episódios de cerca de meia hora. A série é uma criação de Chuck Lorre, um dos roteiristas de "The Big Bang Theory", que, por sinal, é citada en passant no primeiro episódio. É como declarou Michael Douglas numa entrevista: "O processo de envelhecimento não é propriamente uma gargalhada gigante, mas eu adoro as comédias trágicas". Essa é especialmente imperdível.
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