Brasil e chile retomam esforços para aprovar tratado bilateral de livre comércio
Os presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro, e do Chile, Sebastián Piñera, pretendem retomar hoje as ...
Os presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro, e do Chile, Sebastián Piñera, pretendem retomar hoje as conversas sobre o acordo de livre comércio entre os dois países em almoço no Palácio La Moneda, na capital chilena. O acordo, selado no ano passado no governo Michel Temer, ainda não foi aprovado pelos parlamentos de ambas as nações. Os dois presidentes querem aproveitar o encontro para pressionar o Legislativo a dar aval ao comércio bilateral.
O Chile é membro associado do Mercosul e é um dos países que mais assinaram acordos comerciais com diversos países e blocos. Já o governo Bolsonaro quer apostar no livre comércio como uma de suas principais políticas econômicas e considera o Chile um aliado estratégico, no momento em que a Argentina governada por Mauricio Macri continua às voltas com uma recessão e altíssima inflação. Pela primeira vez em muito tempo, a Argentina ficou em segundo plano na agenda de um presidente brasileiro.
O Brasil é o primeiro sócio comercial do Chile na América Latina e o principal destino dos investimentos chilenos diretos no exterior.
Quando o acordo entre os dois países foi assinado, em 2018, o governo chileno destacou que "se trata da primeira vez que o Brasil assume, num acordo bilateral de comércio, compromissos em matéria de comércio eletrônico, boas práticas regulatórias, transparência, combate à corrupção, cadeias globais e regionais de valor, gênero, meio ambiente e assuntos trabalhistas".
Bolsonaro desembarcou na quinta-feira em Santiago, onde participa da cúpula do Prosul, iniciativa lançada por Piñera para substituir a enfraquecida e praticamente enterrada União de Nações Sul-Americanas (Unasul). O segundo país visitado por Bolsonaro como chefe de Estado " o primeiro foram os Estados Unidos " é um dos mais admirados por seu ministro da Economia, Paulo Guedes.
’propaganda enganosa’
Carlos Langoni, ex-presidente do Banco Central e um "Chicago Grandfather" (avô) como gosta de se definir, foi professor de Guedes na Universidade de Chicago:
" O ministro vê o Chile como referência porque foi o único país que, há muitos anos, começou a implementar uma política econômica liberal, e o saldo é positivo. Há problemas, claro, mas seria muito mais pobre, teria mais inflação e mais desigualdade se tivesse seguido o modelo de outros.
Langoni destaca a renda per capita chilena, em torno de US$ 23 mil, contra US$ 16 mil do Brasil. O povo chileno, porém, critica o modelo que ele e Guedes elogiam, destacando a dependência de sua economia da produção e exportação de cobre, a falta de diversificação de sua indústria e grande desigualdade social.
Para Luiz Carlos Prado, da UFRJ, a comparação entre Brasil e Chile pode ser "propaganda enganosa", já que as dimensões geográficas e econômicas são muito diferentes:
" O Chile da redemocratização foi mais bem-sucedido em termos econômicos (que o da época de Pinochet). De qualquer forma, o país continua sendo uma economia pequena e agroexportadora " diz Prado, frisando que o Chile tem enorme dívida social.