Etf, nova opção para aplicar em títulos públicos
Os investidores têm até o dia 29 deste mês para participar da oferta de Exchange Traded Funds ...
Os investidores têm até o dia 29 deste mês para participar da oferta de Exchange Traded Funds (ETFs) que será feita pelo Tesouro Nacional. Essa sigla, ainda pouco conhecida pelos brasileiros, é mais uma alternativa para quem quer deixar parte dos recursos aplicada em títulos públicos. Ainda há duas formas, bem mais conhecidas, de investir nesses papéis: fazer as compras por meio do programa Tesouro Direito ou colocar o dinheiro em fundos de investimento. Apesar de o ativo de todas as aplicações ser o mesmo, as regras de tributação são diferentes, e a escolha dependerá dos objetivos de cada investidor.
O coordenador do Laboratório de Finanças no Insper, Michel Viriato, lembra que é preciso levar em conta o prazo. A aplicação pelo Tesouro Direto tende a ser mais vantajosa a longo prazo, porque não há cobrança semestral do Imposto de Renda (IR) sobre os rendimentos, o "come-cotas". Já a curto prazo, a diferença pode ser desconsiderada " ao se fazer a comparação com um fundo de taxa de administração próxima de zero.
Na simulação feita por Viriato, é considerada uma aplicação de R$ 1 mil e um rendimento mensal de 0,50%, que é aproximadamente o que está pagando o Tesouro Selic, o título público que segue a taxa básica da economia, hoje em 6,5% ao ano. Em 12 meses, os recursos aplicados no Tesouro Direto chegarão a R$ 1.052,43, e os deixados no fundo, a R$ 1.052,31, ou seja, diferença quase nula. Em dez anos, no entanto, esses R$ 1 mil vão representar, respectivamente, R$ 1.665,06 e R$ 1.696,49, uma diferença de R$ 31,42.
Isso ocorre porque o "come-cotas", que incide semestralmente, faz com que sobre um pouco menos de dinheiro para render ao longo do tempo. Já no Tesouro Direto, a tributação ocorre só ao fim da aplicação. Nos dois casos, as alíquotas são regressivas. Para os recursos que ficam aplicados até 180 dias (seis meses), a alíquota é de 22,5%, caindo até chegar a 15% para quem deixa o dinheiro aplicado por mais de 720 dias (dois anos).
Já no ETF, sigla para os fundos que comercializam um determinado índice, a tributação é menor: 15%, independentemente do prazo de aplicação. Também não há incidência de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), tributo cobrado nos fundos quando o resgate é efetuado em menos de 30 dias da data da aplicação.
" O ETF tem vantagens fiscais, mas há um ponto importante. O investidor é o responsável por fazer o cálculo e recolhimento do IR, da mesma forma que com as ações. No fundo ou no Tesouro Direto, a corretora faz isso pelo investidor " explica Viriato.
O ETF que está sendo ofertado pelo Tesouro terá o nome de IT Now ETF IMA-B, e os recursos serão geridos pelo Itaú Unibanco. Traduzindo a sigla, significa que a carteira aplicará nos papéis que compõem o índice IMA-B, que traz o rendimento médio de uma série de títulos públicos corrigidos pela inflação (o Tesouro IPCA).
Volatilidade
O Tesouro espera captar entre R$ 300 milhões e R$ 2 bilhões com o ETF, e o intuito é que a maior parte fique com pessoas físicas. Há um instrumento similar no mercado, da Mirae Asset. Os demais ETFs no Brasil seguem índices de ações.
Na avaliação de Francisca Brasileiro, estrategista da TAG Investimentos, é importante ter em mente o prazo da aplicação. Para o curto prazo, Tesouro Selic ou fundos conhecidos como "baixa duração" são os mais adequados. Já o Tesouro IPCA ou os prefixados estão sujeitos a maior volatilidade a curto prazo. Isso porque, se o investidor precisar se desfazer deles antes do vencimento, poderá sofrer um "desconto", caso os juros naquele momento estejam mais elevados.
" Há mais oscilação e volatilidade, mas são importantes para quem vai fazer poupança de longo prazo " explica ela.
Rafael Giovani, diretor da Necton, lembra que, ao optar por Tesouro Direto, fundo de investimento ou ETF, é também necessário levar em conta a taxa de corretagem cobrada. Pode até ser zero, mas o investidor terá de pagar taxa de custódia, fixada pelo programa Tesouro Direto em 0,25% ao ano. Um fundo com taxa de administração inferior a esse percentual pode ser vantajoso.
Para Giovani, aplicar no Tesouro Selic pelo Tesouro Direto é uma opção para a reserva de emergência ou para quem não quer correr riscos. Para os demais, o melhor é fazer uma carteira híbrida, com fundos prefixados e corrigidos pelo IPCA, fundos de baixa taxa de administração e os novos ETFs.