Viernes, 29 de Marzo de 2024

Acordo mercosul-ue vai mudar nosso tintim

BrasilO Globo, Brasil 21 de julio de 2019

Os amantes do prosecco nacional, um tipo de espumante leve e frutado, vão precisar de atenção ...

Os amantes do prosecco nacional, um tipo de espumante leve e frutado, vão precisar de atenção redobrada para encontrar o produto em lojas especializadas e supermercados. Por causa do acordo entre Mercosul e União Europeia (UE), anunciado em 28 de junho, os produtores nacionais da bebida precisarão mudar os rótulos. Sai prosecco e entra espumante, um termo genérico que também é usado por aqui para o champanhe. O motivo: prosecco é um nome protegido por indicação geográfica (IG), uma espécie de patente registrada por produtores de uma região específica " neste caso, do norte da Itália ", que detêm a exclusividade sobre o uso do termo.
Quando estiver em vigor, o tratado comercial vai estender os efeitos das IGs de países da UE sobre os países do Mercosul " e vice-versa. Na prática, a fabricação no Brasil segue liberada, mas o produto deve mudar de nome. Há pelo menos cem produtos com indicação geográfica no INPI, órgão federal para registro de patentes que seguirá concedendo o selo aos produtores brasileiros após o acordo ser ratificado por todos os países.
No caso do prosecco, marcas como Salton e Marco Luigi, da Serra Gaúcha, reconhecida como a terra dos melhores espumantes nacionais, terão até 12 anos para mudar embalagens. É uma adaptação que não chega a ser novidade por ali. Na virada dos anos 2000, as vinícolas gaúchas trocaram o termo "champanhe" por "espumante" após grita dos produtores de Champagne, na França, donos da patente.
" A mudança de "champanhe" para "espumante" permitiu às vinícolas nacionais construir uma identidade própria. Hoje, temos 80% do mercado interno e até exportamos para mercados como a Europa. Podemos repetir a dose " diz Diego Bertolini, gerente do Instituto Brasileiro do Vinho, entidade de apoio ao setor.
espaço para a pinga
A identificação geográfica pode aumentar as exportações de produtos tipicamente brasileiros já patenteados, como a cachaça. De acordo com o Ibrac, entidade de apoio aos produtores de cachaça, o acordo abre uma porta de exportação da aguardente ao mercado europeu, o maior do mundo.
" Os europeus importaram US$ 1,2 bilhão em aguardentes de cana em 2018, mas só US$ 7 milhões em cachaças " diz Carlos Lima, presidente do Ibrac, que lembra que países europeus que protegem seus destilados com IGs vendem mais (o Reino Unido fatura US$ 6 bilhões por ano com exportação de uísque).
O acordo comercial deve também afetar outros produtos. Queijos feitos no país são registrados como de regiões da França e Itália. Isso vale para grana padano, gorgonzola, gruyère e parmesão. Também é o caso do presunto de Parma. Neste caso, porém, há uma diferença: a mudança só deve afetar os novos produtores. Quem já tem registro no Ministério da Agricultura pode seguir fabricando os petiscos.
" Nada muda para o queijo muçarela, o mais popular do Brasil, com 30% do mercado. Em casos como o do gorgonzola, os novos produtores devem usar nomes como queijo azul " diz Fabio Scarcelli, presidente da Abiq, Associação Brasileira das Indústrias de Queijos.
Uma das iguarias brasileiras mais protegidas é o café: há nove registros de indicação geográfica a grãos da bebida. O acordo deve estender a patente, hoje restrita ao Brasil, aos países europeus. Segundo Vanúsia Nogueira, diretora da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), a expectativa é agregar valor às vendas destinadas à UE, para onde já vão 49% das exportações de café do Brasil. Hoje, quase 100% das vendas na Europa são do café verde, sem qualquer tipo de identificação de origem.
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