‘A divisão’, grande série que retrata o rio dos sequestros

Crítica
Quem viveu os anos 1990 lembra. A média de sequestros por mês no Rio chegou a 11. O alvo principal dos criminosos era a elite, mas, claro, a violência aterrorizava a cidade inteira. Num primeiro momento, os jornais não noticiavam, para não atrapalhar as investigações. Até que isso mudou. Em novembro de 1995, entidades civis convocaram a manifestação Reage Rio, uma passeata, com os manifestantes vestidos de branco. Naquele dia, "O GLOBO" publicou uma primeira página gráfica. Dois terços da capa estavam em branco, com a palavra "paz" no centro e um convite para o leitor se juntar à passeata daquela tarde. Finalmente, a Divisão Antissequestro (DAS) combateu e conseguiu acabar com essa prática.
Série no ar no Globoplay, "A divisão", criada por José Junior (coprodução do Multishow com o AfroReaggae) reconta, com muitas doses de ficção, esse período. Os cinco episódios têm direção geral do talentoso Vicente Amorim. Apesar de tratar do crime usando as lindas paisagens do Rio como pano de fundo, algo já muito explorado na TV e no cinema, essa narrativa é diferente. Ela não serve a compreender a evolução da criminalidade na cidade. Tudo porque trata de acontecimentos circunscritos a uma época "já que a prática do sequestro acabou, estrangulada pela polícia.
A trama captura a atenção. Silvio Guindane, Marcos Palmeira, Erom Cordeiro, Natália Lage, Rafaela Mandelli, Vanessa Gerbelli e Dalton Vigh estão entre os que se destacam, mas o elenco todo brilha. A fotografia de Gustavo Hadba, aliás, também merece todos os elogios. Não perca.