Vascaínos de portugal se dividem pelo conterrâneo e rival
Carlos Ernesto Cadavez, de 72 anos, quase se confunde à frente de um dos restaurantes mais ...
Carlos Ernesto Cadavez, de 72 anos, quase se confunde à frente de um dos restaurantes mais tradicionais do Cadeg, conhecido reduto lusitano em Benfica, na Zona Norte. Gosta e torce tanto pelo sucesso de Jorge Jesus que às vezes se esquece que ele está no lado do arquirrival.
Seu Carlinhos veio de Trás-os-Montes e é vascaíno, mas faz figa à espera do dia em que o técnico do Flamengo aparecerá no seu estabelecimento para comer um bolinho de bacalhau. É nessa dualidade que muitos portugueses torcedores do Vasco encaram a partida de hoje.
No Rio há 58 anos, ele enaltece o sucesso do treinador no Brasil. Ainda que preferisse Jesus à frente do Porto, clube do coração na terra natal. Já para o barbeiro Manuel Adelino Gomes de Freitas, 68 anos, que trabalha em um salão no centro do Rio, é bom que Jesus esteja por aqui.
" Ele é um espelho para todos. Sempre disse que o problema do futebol brasileiro era os técnicos. Estou gostando de ver o Flamengo, estou torcendo mesmo. Temos de torcer pelo bom futebol e deixar de ser radicais " afirma o vascaíno da região de Braga, desde 1964 no Brasil.
O sentimento de patriotismo torna difícil encontrar um português que torça contra Jorge Jesus, apesar de o clube número 1 da colônia no Rio já ter sido vítima do técnico no primeiro turno do Brasileiro.
Celestino Nunes, de 75 anos, veio de Arouca e é torcedor do Sporting de Lisboa. Virou vascaíno quando cruzou o Atlântico, aos 15 anos. Segundo o aposentado, a experiência frustrada do técnico do Flamengo no clube de Alvalade é a prova de que Jesus não faz milagre:
" Ele foi contratado para tirar o Sporting do buraco e não conseguiu. Ficou três anos lá e não foi campeão português. Qualquer técnico de alto nível faria o que ele está fazendo no Flamengo. Se estivesse no Vasco, não estaria fazendo um trabalho melhor do que o Luxemburgo.
Há também espaço para rancor, como mostra, entre palavrões, Armando de Almeida, de 95 anos, natural de Viseu e sócio do clube de e São Januário há 74 anos:
- Ele não tinha nada que ir para o Flamengo, mas quem tem dinheiro é quem manda.