Sábado, 20 de Abril de 2024

A emocionante aventura da escola

BrasilO Globo, Brasil 17 de noviembre de 2019

Patrícia Kogut

Patrícia Kogut
crítica/ ‘Segunda chamada’> Ótimo
Não precisa ser hipersensível para se emocionar com as histórias dos alunos adultos que se aplicam depois de um dia cansativo de trabalho. Desde a estreia, "Segunda chamada" (que tem direção artística de Joana Jabace) chamou a atenção e acertou o coração do público. Mas o episódio mais recente (está no Globoplay) foi especial. Ele provou que não estamos acompanhando uma daquelas dramaturgias que seguem uma fórmula. O capítulo fugiu ao velho esquema que prevê um conflito importante por semana, com uma solução nos minutos finais. A ação se desenrolou em várias pontas. Cada uma das tramas foi confluindo para formar um caldo grosso e, às vezes, difícil de engolir " por razões de nó na garganta. A escola e tudo o que ela pode representar para seus professores e alunos eram os protagonistas da noite. Foi uma admirável construção das autoras, Carla Faour e Julia Spadaccini.
Começou na casa de Maicon (Felipe Simas), onde ele flagrou a mulher afogando seu bebê; seguiu com Natasha (Linn da Quebrada) tentando, em vão, convencer o namorado a assumir a relação deles em público; com Lúcia (Debora Bloch) sonhando com o filho morto; com Jaci (Paulo Gorgulho) tentando realizar um sonho romântico; com uma aluna reclamando do mau cheiro de Silvio (José Dumont) e com ele contando a Eliete (Thalita Carauta) que mora na rua, trabalha com "material reciclado" e só toma banho de chafariz. Paralelamente, a turma de artes preparava uma apresentação teatral, projeto do professor Marco André (Silvio Guindane), e um assaltante mascarado invadiu a sala de aula. Tantos acontecimentos podem dar a impressão de que "Segunda chamada" é um filme de ação. Mas, não. A câmera demora nas expressões dos personagens e há silêncios prolongados. São conflitos sociais combinados a dramas psicológicos.
O elenco central tem tido ótimas oportunidades para mostrar seu talento. E que elenco. Na última terça-feira, Felipe Simas, maravilhoso, se despediu e foi pena, fará muita falta na escola. Debora Bloch teve cenas fortes, que dominou perfeitamente, como sempre, aliás. Thalita Carauta faz matutar: por que ficou tanto tempo limitada ao humor se é uma atriz tão equipada para o drama também? José Dumont comoveu e seu personagem ganhou um novo tamanho. E assim por diante.
Há quem compare "Segunda chamada" a "Sob pressão". Elas têm algo em comum mesmo: retratam setores sensíveis no país, a primeira, a educação, e a outra, a saúde. Realistas, são também carregadas de emoção. Essa série é uma das melhores surpresas do ano na TV. Merece seguir a carreira de prêmios de "Sob pressão", só para citar mais um ponto que as duas podem vir a compartilhar.
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