Turbulência política e juros baixos seguirão pressionando o dólar
A combinação de guerra comercial, instabilidade na América Latina e juros historicamente baixos ...
A combinação de guerra comercial, instabilidade na América Latina e juros historicamente baixos seguirá pressionando o câmbio no Brasil nas próximas semanas, afirmaram especialistas. E isso no momento em que a moeda americana ronda o que os analistas chamam de "barreira psicológica" dos R$ 4,20, após acumular alta de 4,5% no mês.
Uma razão foi pontual: a frustração com o megaleilão do pré-sal, que vai atrair fluxo de apenas US$ 1,7 bilhão este ano. Antes do leilão, o banco Crédit Suisse estimava que o certame iria proporcionar a entrada de US$ 9 bilhões.
Mas há também fatores estruturais para a alta. Na semana passada, o economista-chefe do banco Itaú, Mario Mesquita, sugeriu, em evento em São Paulo, que a dinâmica cambial brasileira mudou. Segundo ele, com a redução da Selic, o real deixou de ser moeda para investimento especulativo " que se fortalece com o fluxo de dólares atrás de juros polpudos " para estar mais atrelada ao crescimento.
Essa seria uma das razões para o fluxo cambial estar negativo em US$ 21,2 bilhões no ano. Para Italo Lombardi, do Crédit Agricole, a capacidade do Brasil de atrair capital especulativo já está abaixo da do México e deve ficar menor que a da Colômbia.
Mas a recente turbulência política nos vizinhos latino-americanos e o duradouro conflito comercial sino-americano potencializam a pressão sobre o câmbio brasileiro.
" A tendência é que fiquemos flutuando nesse intervalo largo, entre R$ 4,05 e R$ 4,25, porque os emergentes estão muito à mercê do conflito entre China e EUA e da política monetária dos bancos centrais " disse Lombardi.
Na sexta-feira, os especuladores elevaram para a maior posição em um mês suas apostas na alta do dólar em escala global, segundo dados do Mercado Monetário Internacional (IMM, na sigla em inglês).
O banco Wells Fargo previu, também na sexta, que o dólar encerrará o ano em R$ 4,20 e terminará o primeiro trimestre de 2020 em R$ 4,15. Segundo os especialistas, para quem vai viajar, o ideal é comprar dólares aos poucos, de modo a diluir o risco.