Miércoles, 24 de Abril de 2024

Além de encerrar jejum, espinosa entendeu a alma alvinegra

BrasilO Globo, Brasil 28 de febrero de 2020

Comercialmente, o título estadual do Botafogo de 1989, que deu fim ao jejum de 21 anos, foi um ...

Comercialmente, o título estadual do Botafogo de 1989, que deu fim ao jejum de 21 anos, foi um retumbante sucesso. Até um LP foi lançado, com músicas que marcaram a conquista, com destaque para o didático verso "tanto tempo esperando esse momento, meu Deus, deixa eu festejar que eu mereço" cantado pela alvinegra Beth Carvalho.
Mas nada foi tão marcante quanto uma fita VHS lançada pela TV Manchete com todos os gols da campanha, além do VT completo do jogo final contra o Flamengo " aquele do gol do Maurício.
O filme tem Valdir Espinosa como principal personagem. Na decisão, são muitos os momentos em que ele, um poço de ansiedade, aparece fumando um cigarro atrás do outro. No VHS, vemos duas cenas que mostram que, além de acabar com o jejum " e talvez por isso tenha conseguido fazê-lo " Espinosa entendeu e embarcou no espírito alvinegro.
A primeira é no hotel em Nova Friburgo, nos dias que antecederam as finais contra o Flamengo. Espinosa aparece apreensivo na hora do check-in. Ao atendente, ele exigia ficar no mesmo quarto em que se hospedou meses antes, na pré-temporada. Uma superstição. Nada mais Botafogo.
A segunda: Maurício já tinha feito o gol, o juiz encerrado o jogo e a festa tomava conta do Maracanã naquele 21 de junho de 1989. No campo, Espinosa seguia tenso, olhando para o placar do Maracanã, que seguia marcando o 1 a 0 imutável. O técnico só extravasou depois que o antigo placar do estádio acendeu com o escudo do clube e a frase "Botafogo Campeão Carioca de 1989". Só aí deu entrevistas e deixou que os jogadores o levantassem. Invicto naquele torneio, o técnico parecia só acreditar quando viu a mensagem, num desespero típico dos acostumados com a vista da vaca voltando para o brejo, algo que o botafoguense estava versado nas últimas duas décadas sem conquistas.
Botafogo e Espinosa foi um encontro de almas parecidas em momentos completamente distintos que deu certo no fim da década de 1980. Enquanto o alvinegro era um deserto de glórias, o treinador viveu a maior parte das suas.
Andarilho da bola, Espinosa parece ter preparado um tour de despedida, já como dirigente, nos últimos anos, nos clubes em que mais brilhou. Foi coordenador técnico no Grêmio de 2016 a 2017. Desde o fim do ano passado era supervisor de futebol do Botafogo. Morrer como funcionário do clube parece ter sido uma justiça poética para o sujeito que conquistou o título que fez muito botafoguense dizer que, depois daquela noite em 1989, poderia morrer mais tranquilo.
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