Martes, 16 de Abril de 2024

Suspense e drama em doses iguais

BrasilO Globo, Brasil 24 de mayo de 2020

Patrícia Kogut

Patrícia Kogut
crítica/ ‘Em defesa de Jacob’> Ótimo
Depois de "The morning show", a Apple TV+ volta a mostrar seu poder de fogo com "Em defesa de Jacob", série em oito episódios que acaba de lançar. No centro desse suspense com drama psicológico estão Andy Barber (Chris Evans), um promotor com a carreira em ascensão; sua mulher, a professora de crianças carentes Laurie (Michelle Dockery, a Lady Mary de "Downton Abbey, mais uma vez falando inglês americano sem sotaque); e Jacob (Jaeden Martell), o filho adolescente deles.
A família leva uma vida aparentemente perfeita, instalada numa moradia confortável num daqueles prósperos subúrbios americanos. Tudo parece sólido, do amor conjugal à harmonia na hora das refeições. Até que Jacob é acusado de matar um colega de classe. O crime desmonta toda a situação idílica. Primeiro, pelas razões objetivas óbvias: os Barber caem no degredo na sociedade local, Laurie é afastada do trabalho, a imprensa cerca a casa em busca de uma reportagem suculenta. A partir daí, uma advogada, Joanna Klein (a premiada Cherry Jones), entra em cena. Mas também por uma razão que ninguém tem coragem de verbalizar: seria Jacob capaz de matar?
A tudo isso, soma-se outro agravante. Andy conta à mulher um segredo nunca aberto em 17 anos de casamento. Seu pai não morreu, como sempre afirmou. Longe disso: ele está em prisão perpétua por ter matado uma moça depois de estuprá-la. A revelação levanta a hipótese de um, digamos, "determinismo genético". A ideia de que a maldade possa ser um traço que o avô transmitiu para o neto, de início, soa como uma tolice. Mas ela vai se impondo e causa uma perturbação. Os Barber então procuram uma especialista em testes genéticos. Querem dirimir essa dúvida caso ela seja aventada no tribunal. Mas tudo piora. Nas consultas, Laurie relembra a infância do filho, um bebê que chorava o tempo inteiro e uma criança com acessos de agressividade. Andy também sofre com a herança familiar maldita. A crueldade inata, inabalável diante de qualquer esforço social de formar o bom caráter de um jovem, sempre afligiu pais e educadores. Ela foi assunto da literatura e do cinema. Quem conhece "Precisamos falar sobre Kevin" " o romance de 2003 de Lionel Shriver narrado pela mãe de um garoto assassino " lembrará desse livro.
O título diz muito dessa narrativa de alta voltagem. A dúvida sobre a inocência do rapaz exige de Andy e Laurie a determinação de defender o filho mesmo que descubram que ele é culpado. É uma prova moral. Além do ótimo roteiro, "Em defesa de Jacob" tem grande elenco. Há seis episódios disponíveis. Merece a sua atenção.
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