Investimentos estrangeiros têm pior resultado desde 1995

Com o clima de incerteza por causa da crise do coronavírus, os investimentos feitos por estrangeiros no Brasil registraram em abril o menor valor em 25 anos. Segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central, os chamados investimentos diretos no país (IDP) despencaram para US$ 234 milhões no mês passado, pior resultado para o mês desde 1995, início da série histórica, quando o número ficou em US$ 167,9 milhões.
O dado representa uma queda de mais de 95% em relação aos ingressos líquidos de US$ 5,107 bilhões registrados em abril do ano passado.
Em coletiva virtual de imprensa, o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, avaliou que a diminuição expressiva do IDP não parece indicar cancelamento de projetos, mas adiamento das decisões em meio às incertezas da crise.
" Neste cenário, a gente tem visto uma preferência das empresas de permanecer mais líquidas. Isso significa segurar um pouco os investimentos futuros até que o cenário apresente um pouco menos de incerteza " disse Rocha.
Importações caem 15%
A queda de investimentos foi divulgada no relatório que mostrou que, na crise, o saldo total das entradas e saídas de recursos no país registrou superávit de US$ 3,8 bilhões em abril, o maior desde 1995.
As exportações registraram US$ 18,4 bilhões em abril, um recuo de 4,9% na comparação o mesmo período de 2019. As importações tiveram uma queda ainda maior, de 15,9% para US$ 11,9 bilhões.
O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, ressalta que o resultado positivo reflete a queda na atividade econômica do país. Segundo ele, não é interessante para o Brasil ter um saldo comercial positivo só pela queda nas importações.
" Algumas áreas importantes do país não estão tendo demanda suficiente para importar materiais que o Brasil não tem, por exemplo, componentes eletrônicos e insumos para produção de medicamentos. Então, quando a importação recua, é porque existem alguns setores aqui que estão sendo paralisados " explicou.