Jueves, 28 de Marzo de 2024

Drama, suspense e muitos clichês

BrasilO Globo, Brasil 31 de mayo de 2020

Patrícia Kogut

Patrícia Kogut
crítica/ ‘Little fires everywhere’ > Boa
Em "Little fires everywhere", Reese Witherspoon interpreta uma mãe de família vivendo num daqueles subúrbios prósperos de Cleveland, Ohio. Bem casada com um advogado de sucesso (Joshua Jackson, de "The affair"), tem quatro adolescentes. Trabalha como repórter num pequeno jornal local, mas é uma atividade diletante. Ocupa seu tempo sobretudo organizando a merenda escolar da filharada, cozinhando o jantar e participando de atividades como um clube de leitura só com mulheres. Ela é tão metódica que até sua vida sexual tem dia certo para acontecer. Elena Richardson leva, em resumo, uma daquelas existências sem sobressaltos. Até que uma estranha, Mia Warren (Kerry Washington), aparece na cidade e toda essa placidez se dissipa. A descrição do lançamento da Amazon Prime parece com a de muitas séries que conhecemos. E é. "Little fires everywhere" tem qualidades, e o desempenho de Reese está entre elas. Mas não pode ser apontada como uma produção inovadora.
Ao contrário de Elena, Mia é misteriosa e imprevisível. Aparece do nada, num carro velho, com a filha adolescente, Pearl (Lexi Underwood). Sem dinheiro, mãe solteira e artista plástica, aluga uma casa que pertence aos Richardson. Assim, as duas, tão diferentes entre si, estabelecem uma relação. É, a princípio, um vínculo amigável, mas tenso. Através dos contrastes entre elas, "Little fires everywhere" aborda o racismo estrutural, o lugar social da mulher, o bullying no universo adolescente, entre outras questões. Os clichês e o didatismo que emanam deles atrapalham um pouco o enredo e irritam. Mas há um ingrediente fundamental nessa sopa de estereótipos que salva a produção. É que a trama é ambientada no início dos anos 1990. Esse deslocamento exige do espectador um exercício de relativização. Não faz tanto tempo assim, e a vida de subúrbio americano hoje ainda é parecida com a da série. Mas, de lá para cá, as lutas identitárias ganharam corpo e se acirraram. Essa evolução faz pensar.
A trama começa pelo fim, no futuro, com a polícia na casa da protagonista por causa de um incêndio criminoso. E logo recua para quatro meses antes. O suspense acerca do responsável pelo fogo é um dos motores que levará o espectador a atravessar os oito episódios. Eles são irregulares: a história começa bem, perde a força no terceiro capítulo para logo depois recobrar o fôlego e por aí vai. O elenco no geral é de talentos e há capricho nos figurinos, na cenografia e na reconstituição de época. Apesar das obviedades, "Little fires everywhere" prende a atenção e é bom entretenimento. Merece a sua atenção.
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