Viernes, 19 de Abril de 2024

Um detetive que nunca cansa

BrasilO Globo, Brasil 12 de julio de 2020

Patrícia Kogut

Patrícia Kogut
crítica/ ‘Perry Mason’ > Boa
Perry Mason foi um investigador criado pelo americano Erle Stanley Gardner. Protagonizou mais de 80 aventuras escritas entre os anos 1930 e o fim da década de 1960, algumas delas adaptadas para o cinema. Solucionava mistérios com a mesma eficiência com que conquistava milhões de leitores. E é o personagem-título da série recém-lançada pela HBO (os três primeiros episódios estão nos aplicativos deles e no Now).
Na TV, o papel cabe a Matthew Rhys. O ator merece um parágrafo só para ele. Galês, aprendeu a domar o sotaque de Cardiff em 2006, quando ficou conhecido do público de seriemaníacos com o Kevin Walker de "Brothers & sisters". Depois, estrelou "The americans" ao lado de Keri Russell. Com essa atuação, faturou um Emmy e duas indicações para o Globo de Ouro. Perry Mason impõe novos desafios. Veterano da Primeira Guerra (a trama é ambientada nos anos 1930, pós-Depressão), o personagem deixou o exército como persona non grata por causa de um envolvimento com outro rapaz (era proibido por lei). Namora uma mulher que foge a qualquer padrão de beleza, Lupe (a atriz mexicana Veronica Falcón). Vive na fazenda que herdou da família. Sua casa está caindo aos pedaços e é uma bagunça. Só anda mal-ajambrado. Sua falta de higiene pessoal se estende às unhas, sempre sujas. Mesmo com tudo isso, não é totalmente um chuta-latas: defende incansavelmente seus clientes da injustiça. De novo, o ator está soberbo. Fim do parágrafo.
A história se desenrola em Los Angeles. Porém não é aquela Califórnia solar de costume. A fotografia acinzentada reforça o clima de filme noir. Há muitas cenas em áreas deterioradas da cidade. O primeiro capítulo, um pouco confuso, tem como ponto de tensão um crime terrível: um bebê sequestrado é achado morto dentro de um vagão de bonde, depois de o resgate ter sido pago. Numa ponta da trama estão o pai e a mãe, que se desesperam. Em outra, há um grupo de investigadores corruptos obstruindo as buscas. O único policial honesto e que descobre pistas que podem levar à verdade sofre racismo na delegacia. Outro núcleo importante é o de uma igreja evangélica em que a grande estrela é uma pastora, a irmã Alice (Tatiana Maslany). O elenco conta ainda com Shea Whigham (de "Fargo") e John Lithgow ("The crown"), dois grandes atores.
O enredo demora a se estabelecer e só no fim do segundo episódio a importância de certos personagens e sua função na história ficam claras. Mas vale insistir. Quando o roteiro finalmente amarra as principais pontas, a trama ganha impulso e o espectador se envolve nessa que é uma produção grandiosa. Vale perseverar.
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