A televisão brasileira chega hoje aos 70 anos
"Muito antes de seu nascimento em terras tupiniquins, a televisão acompanha a evolução tecnológica ...
"Muito antes de seu nascimento em terras tupiniquins, a televisão acompanha a evolução tecnológica e responde aos anseios e crises da sociedade contemporânea, movimentos similares aos que norteiam a comunicação em geral. O crack da Bolsa de Nova York, em 1929, por exemplo, motivou a preocupação do que fazer para elevar a moral do norte-americano, em particular das americanas, donas do lar. A criação da radionovela Painted Dreams, de 1930, inaugura o gênero que viria a ser, décadas mais tarde, um dos fundadores da telenovela. Paralelo a esse acontecimento, estudos nos EUA e Europa impulsionavam o surgimento da nova mídia do século XX, a televisão. Sua relevância seria notável no pós-Segunda Guerra, na mesma época em que ela chega ao Brasil, graças a Assis Chateaubriand. Uma vez instalada por aqui, o vínculo entre os brasileiros e a televisão se fez de maneira irreversível. Basta dizer que muito de nossa história recente pode ser contada através de reportagens jornalísticas e cenas de novelas. Um exemplo é "Irmãos coragem", de 1970, ano da Copa do México. Em seguida, a partir de "O bem-amado" e "Os ossos do barão", a televisão passa a ser produzida em cores e investe na regionalização de suas tramas. Ambas as novelas, por seu apuro estético irretocável, impulsionaram a venda de televisores coloridos e começaram a moldar a identidade nacional por meio da teleficção.
Hoje, no século XXI, a produção ficcional mistura-se com as diversas plataformas de comunicação do universo digitalizado. Mas a cada final de processo revolucionário (seja ele qual for), os produtores de conteúdo criam novos métodos de comunicação, ampliando a sociedade em rede. Das dificuldades, surgem novas oportunidades. E a televisão, por sua verve adaptável, encontra novas formas de manter o vínculo que estabeleceu com o público brasileiro há 70 anos, sempre registrando a ação humana no tempo e no espaço".
Mauro Alencar, doutor em
Teledramaturgia Brasileira pela USP