Sábado, 20 de Abril de 2024

Magalu manterá programa de trainee só para negros

BrasilO Globo, Brasil 21 de septiembre de 2020

O Magazine Luiza vai manter seu programa para seleção de trainees voltado para candidatos negros, ...

O Magazine Luiza vai manter seu programa para seleção de trainees voltado para candidatos negros, mesmo após questionamentos feitos por parlamentares que afirmam que irão ao Ministério Público abrir representação contra a companhia por iniciativa que promoveria o racismo. A varejista diz que já esperava a polêmica, mas afirma que o programa foi formatado com respaldo legal.
" A empresa já sabia que nossa ação afirmativa iria desencadear discussões " destaca Patricia Pugas, diretora-executiva de gestão de pessoas do Magalu. " Nos manifestamos nas redes, de forma contundente e transparente, sobre a legalidade do programa e a nossa intenção de levá-lo adiante: atacar a baixa representatividade negra em nossa liderança.
O processo de seleção anunciado pela varejista na última sexta-feira recebeu uma onda de apoio e de críticas nas redes sociais. Os deputados federais Carlos Jordy (PSL-SP) e Daniel Silveira (PSL-RJ) estão entre os que criticaram o processo, argumentando que a iniciativa não teria respaldo legal. Jordy diz que vai ao Ministério Público em razão do suposto crime de racismo do programa.
Foco em liderança
O vereador Fernando Holiday (Patriota-SP) questionou o programa do Magalu e o da Bayer, em modelagem similar, dizendo que entrará com representações no MP questionando as empresas por instituírem "um padrão racista de contratação". A farmacêutica mantém sua posição.
As manifestações de apoio ao Magalu vieram de nomes como o influenciador digital Felipe Neto. Luana Génot, colunista do GLOBO e fundadora do Instituto Identidades do Brasil, que combate a desigualdade racial no mercado de trabalho e uma das consultoras da varejista, defendeu a iniciativa no Twitter: "Dar oportunidades para mais profissionais negros, subrepresentados em postos de liderança, ganharem mais de R$ 6 mil por mês não é favor. É inteligência, é lei 12.288 e é necessário para que a economia avance".
Ao lançar o programa, o Magalu explicou que o objetivo é ampliar a diversidade racial nos cargos de liderança. Hoje, a varejista têm 53% de seus funcionários de cor preta e parda. Nos cargos de liderança, porém, eles são só 16%.
" Estamos cientes de que precisamos alçar mais colaboradores negros que já estão na empresa a postos de liderança. Para isso, fortalecemos medidas e processos já em curso. Hoje, preenchemos mais de 80% das nossas vagas de liderança com profissionais da própria companhia " explica a diretora, enfatizando que estão sendo definidas metas de longo prazo relacionadas a sustentabilidade.
O Magalu não é a única empresa a adotar uma iniciativa nestes moldes. A Bayer também abriu um programa de trainee voltado exclusivamente para candidatos negros. As duas empresas afirmam que desenharam seus programas em conformidade com nota técnica do Ministério Público do Trabalho de 2018.
" A ação de inclusão que executamos está em linha com o Projeto Nacional de Inclusão Social de Jovens Negros no Mercado de Trabalho, priorizado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), e que está de acordo com Notas Técnicas do órgão " diz Patricia.
A Bayer segue o mesmo caminho: "O programa observa a legislação vigente, inclusive o Estatuto da Igualdade Racial, que prevê a possibilidade de ações afirmativas".
Medidas afirmativas
O documento do MPT trata da possibilidade de contratação específica de trabalhadores negros para concretizar o Princípio da Igualdade que consta da Constituição.
Reafirma que a Constituição proíbe diferença de salários, exercícios de funções e critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil. Mas destaca o cenário de desigualdade social. Embora mais da metade dos brasileiros seja de cor preta ou parda, segundo o IBGE, eles constituíam, em novembro 2017, quase 64% dos desempregados no país.
Para reduzir essa disparidade, o MPT cita o uso das chamadas ações de discriminação positiva para favorecer pessoas em desvantagens em processos de seleção. O Estatuto da Igualdade Racial prevê o uso de medidas afirmativas para promover a inclusão da população negra na economia.
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