Guedes: brasil pode virar venezuela sem reformas ou controle de gastos
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou, em participação em um podcast gravado na ...
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou, em participação em um podcast gravado na sexta-feira e divulgado ontem, que o Brasil pode passar por crises como as vividas por Argentina e Venezuela caso não avance nas reformas econômicas e nas medidas de controle de gastos.
" Vai chegar uma hora em que você não consegue mais. Para virar Argentina, seis meses. Para virar Venezuela, um ano e meio. Se fizer errado, vai errado. Quer ir para o outro lado, quer virar Alemanha ou Estados Unidos? São dez, 15 anos na outra direção " disse Guedes no programa Primocast.
A declaração foi dada no momento em que a equipe econômica defende no Congresso a aprovação de medidas de controle de gastos públicos como parte da proposta de emenda à Constituição (PEC) que autoriza gastos para uma nova rodada do auxílio emergencial. Segundo o ministro, a liberação do benefício sem a aprovação de contrapartidas seria "caótico":
" Isso seria caótico para o Brasil e teria um efeito muito ruim para o brasileiro. É o que aprendemos no ano passado e não podemos repetir.
Em uma semana marcada pela tensão no governo causada pela troca de comando na Petrobras, Guedes disse que não deixa o cargo por causa de ofensas, mas que prefere sair do posto caso tenha que "empurrar o Brasil pelo caminho errado", frisando que isso não ocorreu. O ministro afirmou ainda que depende da confiança do presidente Jair Bolsonaro para tocar sua agenda e que é "demissível em 30 segundos".
" Se ele (Bolsonaro) não confiar, eu sou demissível em 30 segundos. Se eu estiver conseguindo ajudar o Brasil, fazendo as coisas em que eu acredito, eu devo continuar. A ofensa não me tira daqui. O medo, o combate, o vento e a chuva, isso não me tira daqui de jeito nenhum " afirmou o ministro. " O que me tira daqui é a perda da confiança do presidente ou ir para o caminho errado. Se eu tiver que empurrar o Brasil pelo caminho errado, prefiro não empurrar, prefiro sair. Isso não aconteceu.
No último dia 19, Bolsonaro anunciou nas redes sociais que indicaria Joaquim Silva e Luna para presidir a Petrobras no lugar de Roberto Castello Branco, indicado por Guedes em 2018 para chefiar a companhia. O presidente disse estar insatisfeito com a política de preços da empresa, que repassa variações da cotação do petróleo e do câmbio para as refinarias.
aceno a caminhoneiros
Ontem, em entrevista à rádio Jovem Pan, Guedes se pronunciou publicamente pela primeira vez sobre o episódio e disse que a decisão do presidente foi uma "resposta política" aos caminhoneiros, base de apoio do governo:
" O presidente, politicamente, teve uma reação. Falou para um público caminhoneiro, que é um público associado ao presidente Bolsonaro, são eleitores típicos e fiéis. Para esse público, o presidente deu uma satisfação política. Ele falou: "Olha, eu tirei o cara que disse que não liga para vocês e, ao mesmo tempo, estou tirando todos os impostos" " disse o ministro.
Apesar de dizer que a troca de Castello Branco é compreensível politicamente, Guedes reconheceu que a decisão foi ruim do ponto de vista econômico:
" É compreensível politicamente uma atitude, mas, do ponto de vista econômico, o efeito foi ruim. Essa foi a nossa conversa interna. O presidente sabe o que eu penso, eu sei o que ele pensa.
No podcast publicado pela manhã, o ministro defendeu privatizações, mencionou o bordão "o petróleo é nosso", lembrado por Bolsonaro na semana passada, e propôs compartilhar recursos de empresas públicas com a população:
" Tem uma turma que começa com "o petróleo é nosso". É nosso? Então vamos dar para o povo brasileiro. Vamos pegar os dividendos da Petrobras e entregar uma parte para o povo brasileiro.