Jueves, 28 de Marzo de 2024

Nobel de economia põe mundo real em evidência

BrasilO Globo, Brasil 12 de octubre de 2021

Pesquisas sobre o mercado de trabalho a partir de situações da vida real foram distinguidas pela ...

Pesquisas sobre o mercado de trabalho a partir de situações da vida real foram distinguidas pela Academia Real Sueca de Ciências este ano. O prêmio Nobel de Economia de 2021 foi para o canadense David Card, o americano Joshua D. Angrist e o holandês Guido W. Imbens, por suas pesquisas sobre mercado de trabalho e por inovações na metodologia das relações causais, ambas feitas a partir de experimentos naturais. Ou seja, a partir de situações da vida real.
Os premiados, segundo a Academia, trouxeram "novas percepções sobre o mercado de trabalho e mostraram que conclusões sobre causa e efeito podem ser obtidas de experimentos naturais. A abordagem deles se estendeu a outros campos e revolucionou a pesquisa empírica."
Relação de causa e efeito
Os estudos feitos pelos três, ressaltou a Academia, mostram como experimentos naturais ajudam a resolver importantes questões para a sociedade e são ferramentas para políticas públicas.
O prêmio é de 10 milhões de coroas suecas, o equivalente a R$ 6,32 milhões. Metade do valor vai para Card, da Universidade da Califórnia Berkeley. Card foi coautor de estudos com Alan Krueger, que morreu em 2019, sobre os efeitos no mercado de trabalho do salário mínimo, da escolaridade e da imigração.
Card desafiou a ideia, normalmente aceita na comunidade econômica, de que salários mínimos mais altos reduzem a oferta de vagas. Para isso, ele pesquisou redes de fast-food em Nova Jersey e Pensilvânia, estados vizinhos " e comprovou que o aumento do salário mínimo em Nova Jersey não levou ao encolhimento do mercado de trabalho no estado.
Com relação ao impacto da imigração sobre o mercado de trabalho, Card analisou a ida de 125 mil cubanos para os Estados Unidos, no início da década de 1980. Muitos deles se estabeleceram em Miami, o que ampliou a força de trabalho na cidade em cerca de 7%. O fluxo de imigrantes, mostrou o estudo, não teve efeitos negativos para os residentes de Miami com baixos níveis de educação (que tendem a disputar vagas com imigrantes recém-chegados). Os salários não diminuíram e o desemprego não aumentou em relação às outras cidades.
"Sabemos, agora, que a renda das pessoas que nasceram num país pode se beneficiar de novos imigrantes", afirmou a Academia sueca.
Os estudos de Card e Krueger também mostraram que a canalização de recursos para as escolas é mais importante para o futuro das crianças do que se pensava anteriormente. Card estava de pijama ao receber a notícia, sendo assim fotografado por sua mulher para o site da Academia.
Já Angrist e Imbens, em meados dos anos 1990, desenvolveram uma metodologia que estabelece relações de causa e efeito a partir da observação de situações da vida real. Eles ganharam a segunda metade do prêmio. Joshua Angrist é professor no Massachusetts Institute of Technology (MIT) e Guido Imbens, em Stanford.
Por exemplo, a fim de comprovar que mais tempo de estudo proporciona renda maior, eles fizeram a comparação entre pessoas nascidas no primeiro trimestre de um ano e outras nascidas no quarto trimestre. Estas últimas tiveram um ano a mais de estudo (o ano escolar nos EUA começa em setembro) e renda maior que aquelas nascidas no primeiro trimestre.
Angrist não acordou com o telefonema da Academia: ao ver as mensagens em seu celular, ligou para o MIT e descobriu ter sido laureado. Já Imbens atendeu, mesmo admitindo estar exausto por ter passado a véspera em uma excursão com os filhos.
Para o diretor do FGV Social, Marcelo Neri, as contribuições de Card, Angrist e Imbens são de fundamental relevância para a condução e avaliação de políticas públicas:
" Em qualquer decisão que se toma, em qualquer nível de governo e sociedade civil, você quer saber quais as consequências diretas das decisões tomadas. Esse é o prêmio Nobel da causalidade, do mundo real na prática.
Como no Brasil
Claudio Ferraz, professor da University of British Columbia e PUC-Rio e colunista do GLOBO, faz um paralelo com a realidade brasileira:
" Durante muito tempo no Brasil as pessoas achavam que salário mínimo era uma das principais causas pela alta informalidade. E nos anos 2000 houve um aumento grande do salário mínimo e, ao mesmo tempo, queda drástica da informalidade. Isso deu um nó na cabeça de muita gente, de como essas coisas podem caminhar juntas.
Para Ferraz, a escolha da Academia sinaliza a importância de conhecimento vindo de métodos, em meio a uma "crise de Covid e de falta de confiança na academia, com pós-verdade e fake news":
" É um prêmio para a ciência, para dizer que há métodos científicos para testar mesmo na economia, onde não dá pra levar (o objeto de estudo) para um laboratório. (*Com agências internacionais)
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