Acusação de assédio sexual derruba número 2 da caixa
O vice-presidente de Negócios de Atacado da Caixa Econômica Federal, Celso Leonardo Barbosa, pediu ...
O vice-presidente de Negócios de Atacado da Caixa Econômica Federal, Celso Leonardo Barbosa, pediu demissão ontem, após diversas denúncias de assédio sexual de funcionárias do banco terem levado à queda de seu chefe, Pedro Guimarães. A informação havia sido antecipada pelo colunista do GLOBO Lauro Jardim. Na hierarquia do banco, ele era o número 2.
Na noite de ontem, a Caixa informou que ele entregou sua carta de renúncia e que Daniella Marques, até então secretária de Produtividade do Ministério da Economia, assumiu a presidência do banco.
"Por orientação de sua defesa o vice-presidente da Caixa , Sr. Celso pedirá desligamento. Embora não conste absolutamente nada em seu desfavor, entende ser neste momento necessário para que não se questione a imparcialidade das apurações", informou a advogada do executivo, Luciana Pires, que também trabalha para o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ):
" O afastamento será necessário até para garantir a lisura da investigação e demonstrar, oportunamente, que ele nunca se envolveu nesse episódio " disse a advogada ao GLOBO.
Viagens com Guimarães
O executivo já tinha se despedido de colegas do banco na tarde de ontem. Barbosa é investigado pela Corregedoria da Caixa no procedimento que apura denúncias de assédio sexual envolvendo o ex-presidente.
Todas as reportagens e citações de casos de assédio publicadas pela imprensa estão sendo incorporadas à apuração que está em andamento desde maio. A investigação foi aberta a partir da denúncia de uma funcionária.
As punições aplicadas em casos graves incluem rompimento de contrato, quando o alvo da investigação é um servidor da Caixa, ou demissão, caso o acusado não seja concursado do banco. A Corregedoria da instituição financeira tem mais de 200 funcionários que atuam nesse departamento.
Barbosa também é alvo de pedidos de esclarecimento do Ministério Público do Trabalho (MPT) sobre sua conduta na Caixa. Em notificação ao banco, o Ministério Público pede que todas as denúncias também contra o então vice-presidente sejam enviadas à Procuradoria. No documento, o MPT afirma que há denúncias que ele "causaria ‘temor’ às mulheres que trabalham no banco".
A Caixa está em processo de contratação de uma auditoria externa para apurar as denúncias de assédio sexual, após o afastamento de Guimarães da presidência da Caixa. A decisão tomada foi tomada na quinta-feira pelo Conselho de Administração da instituição.
Segundo relato de testemunhas e que estão sendo apuradas pelo Ministério Público Federal, Barbosa também estava envolvido no caso. Amigo de Guimarães, o executivo o acompanhava nas viagens a trabalho, quando a maior parte dos assédios acontecia. Barbosa era considerado braço direito de Guimarães e era substituto nas ausências no cargo.
Barbosa nasceu no Rio. Ele assumiu o cargo de assessor estratégico da presidência da Caixa em janeiro de 2019. Ele iniciou a carreira nas empresas Esso, Nortel e Shell, onde foi gestor do programa social para jovens empreendedores, segundo informações da Caixa. Ele foi também consultor do Sebrae.
No comunicado, a defesa diz que é "importante destacar a atuação profissional" de Barbosa "que contribuiu para a recuperação do foco estratégico da Caixa, nas MPEs, com o Pronampe, FGI e FAMPE, realizando a parceria chave com o Sebrae Nacional".