Produção industrial cai em 2022 e fecha o ano abaixo do pré-pandemia
A indústria brasileira fechou 2022 no vermelho. O setor registrou queda de 0,7% no ano passado e ...
A indústria brasileira fechou 2022 no vermelho. O setor registrou queda de 0,7% no ano passado e segue operando em patamar de 13 anos atrás " semelhante ao de janeiro de 2009. É o que revelam os dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada ontem pelo IBGE. O levantamento mostra ainda que a produção industrial está 2,2% abaixo do nível pré-pandemia.
A queda do setor no ano passado foi precedida de uma alta de 3,9% em 2021. O IBGE faz a ressalva, porém, de que boa parte dessa alta em 2021 teve relação direta com o tombo de 4,9% observado em 2020, devido ao início da pandemia. Antes mesmo, o setor já não vinha bem: em 2019, a produção caiu 1,1%.
Entre os principais fatores que explicam a retração da indústria em 2022, segundo o IBGE, está o aumento dos juros, que afeta diretamente os custos de crédito. E a alta da inflação, principalmente dos alimentos, que impacta a renda das famílias e, por consequência, o consumo.
" Também há influência do aumento nas taxas de inadimplência e de endividamento. E o mercado de trabalho, embora tenha mostrado clara recuperação ao longo do ano, ainda se caracteriza pela precarização dos postos gerados " explica André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE.
O setor industrial chegou a responder de forma positiva em 2022, diante das medidas de incremento da renda realizadas pelo governo, como a antecipação do 13º para aposentados e pensionistas, a liberação do FGTS e o Auxílio Brasil. Mas essa resposta perdeu fôlego no segundo semestre.
recuo esperado
Economistas já esperavam recuo da indústria em 2022. Em dezembro, a variação foi nula, após ligeira queda de 0,1% em novembro e leve alta de 0,3% em outubro. Para este ano, as perspectivas também não são animadoras. Isso porque a taxa de juros permanece elevada, somada a uma demanda global que segue mais fraca.
" Nossa previsão para 2023 é que a indústria continue andando de lado, podendo até registrar meses com resultado negativo, por conta dos fatores que continuarão presentes neste ano: a taxa de juro deve continuar elevada por um bom tempo, o preço das commodities permanece em queda, e a economia global ainda não terá um crescimento robusto " diz Claudia Moreno, economista do C6 Bank.
Alberto Ramos, diretor de pesquisa econômica para América Latina do Goldman Sachs, também espera "ventos contrários" para o setor diante de condições financeiras mais apertadas, retornos marginais decorrentes da normalização pós-pandemia da atividade e demanda externa mais fraca: "Do lado positivo, é provável que transferências orçamentárias significativas para as famílias amorteçam a desaceleração esperada da atividade", sinalizou, em comentário.