Unimed do brasil ficará com 90% das mensalidades da unimed ferj
O acordo que determinou que a Unimed do Brasil assuma os cerca de 370 mil beneficiários da ...
O acordo que determinou que a Unimed do Brasil assuma os cerca de 370 mil beneficiários da Unimed Ferj prevê que a gestora da marca Unimed em nível nacional receba 90% da receita das mensalidades do plano de saúde. Com o valor, a operadora deverá administrar integralmente a assistência aos usuários. Isso inclui, por exemplo, a relação com os prestadores, como hospitais e laboratórios credenciados; o repasse dos pagamentos dos médicos cooperados; e o pagamento de reembolsos, entre outros. Os 10% restantes continuarão com a Ferj, que deverá usar os valores para quitar dívidas acumuladas.
A mudança, fruto de uma determinação anunciada na segunda-feira pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), passa a valer já a partir do próximo dia 20. Inicialmente, a agência informou que a mudança no controle da carteira começaria em 1º de dezembro. Ontem, o órgão voltou atrás e antecipou a data.
Segundo a ANS, o acordo não é de transferência de carteira, mas de compartilhamento de risco. A forma como isso será operacionalizado, porém, ainda precisa ser definido pela Unimed do Brasil.
O arranjo é visto por analistas como uma alternativa para evitar o caminho drástico de liquidar a operadora, causando transtornos aos milhares de usuários do plano.
" Em experiências passadas vimos beneficiários tendo muitos problemas, como dificuldade de entrar em outras operadoras e portabilidade de carência sendo desrespeitada " diz Rafael Robba, advogado do escritório Vilhena Silva.
Ele ressalta, porém, que é difícil avaliar se o esquema "90/10" desenhado pela ANS é adequado ou não. Isso porque não está claro o tamanho da dívida da Unimed Ferj, tanto os débitos contraídos desde maio de 2024, na migração da carteira da Unimed-Rio, quanto o passivo deixado pela ex-operadora.
Para os hospitais, porém, a insegurança em relação aos pagamentos persiste. Segundo a Associação de Hospitais do Estado do Rio (Aherj), a dívida da Ferj com unidades de saúde passa dos R$ 2 bilhões.
" Não fomos ouvidos. Não sabemos oficialmente a quem entregaremos as faturas. Esse arranjo não faz sentido. Os 10% mal vão cobrir o custo de gestão da Ferj, que dirá pagar o passivo " defende o presidente da Aherj, Marcus Quintella.
Robba observa ainda que, apesar de o acordo ser uma tentativa de garantir a assistência aos usuários, contratos devem ser cumpridos, e a ANS deve fiscalizar para que ninguém seja prejudicado.
Segundo a Unimed Ferj, todas as condições contratuais atuais permanecem em vigor, sem alterações na rede credenciada, cobertura ou valor dos planos.
‘Promoção’ para médicos
Enquanto isso, a Unimed-Rio " à qual estão ligados os médicos que formam a rede credenciada da Ferj " anunciou uma "campanha promocional" para que eles quitem seus débitos com a cooperativa.
Diferentemente de outros planos de saúde, cada Unimed é uma cooperativa médica, onde profissionais pagam uma cota para se associar. Como cooperados, eles têm acesso aos lucros e dívidas. Ou seja: se a cooperativa está no azul e um cooperado deseja deixar o sistema, ele recebe parte dos valores, de forma proporcional a suas consultas e procedimentos. Mas se as contas estiverem no vermelho, ele terá de fazer um pagamento proporcional para se desvincular.
Os profissionais, porém, reclamam de falta de transparência nas finanças da Unimed-Rio. Na "campanha promocional", a cooperativa oferece descontos de 50% aos médicos que quitarem sua nos prejuízos de anos anteriores.
A proposta foi vista com cautela pelos cooperados. Um dos pontos é que só é possível saber o montante devido ao assinar o documento que formaliza a saída da cooperativa.
Em nota, a Unimed-Rio afirmou que a ação é voltada exclusivamente à regularização de dívidas de ex-cooperados, "sem qualquer impacto financeiro aos cooperados ativos".