Domingo, 07 de Diciembre de 2025

Brasil está muito bem colocado na corrida da ia

BrasilO Globo, Brasil 6 de diciembre de 2025

Entrevista

Entrevista
Após oito anos na Meta, a executiva americana acaba de "mudar de lado": em vez de rodar o mundo em busca de data centers para uma Big Tech, ela passará a caçar grandes empresas de tecnologia interessadas em um espaço nos data centers da brasileira Elea. Recém-contratada como vice-presidente de negócios internacionais da firma carioca, Elena ficará baseada em Seattle e terá como uma das principais missões "vender" o Rio AI City " centro de processamento de dados criado no Parque Olímpico pela Elea e que tem apoio da prefeitura.
Como o Brasil é visto pelas empresas "hyperscalers" (Big Techs que oferecem infraestrutura de nuvem em larga escala)?
Como um player forte em energia barata e renovável. Isso se tornou um diferencial para os "hyperscalers" que buscam cumprir metas de baixo carbono. Por isso, nos últimos quatro ou cinco anos, vimos uma explosão no mercado latino-americano de data centers, sobretudo no Brasil. E o Redata vai ajudar a atrair empresas para construir nuvem e infraestrutura para IA. O mercado evoluiu bastante.
Em qual estágio da evolução está esse mercado no Brasil?
Qualquer mercado do segmento começa a ser desenvolvido pelos pontos de chegada de cabos submarinos. Aqui, começou por São Paulo e Rio, que também são grandes áreas metropolitanas com muitos internautas. Agora, vamos começar a ver a entrada em outras regiões do país. Estamos no limiar do crescimento via IA, que já ocorre nos EUA e vai começar a acontecer no Brasil. O projeto Rio AI City oferece a oportunidade de participar desse crescimento em escala " e com energia 100% renovável.
Qual será sua missão na empresa?
Conectar a infraestrutura da Elea com os "hyperscalers". Estar baseada em Seattle será estratégico, dada a proximidade com as Big Techs tanto do Vale do Silício quanto do Noroeste Pacífico (onde ficam as sedes da Microsoft e da Amazon). Eu venho do chamado buy side, então sei que o que as companhias mais buscam é um parceiro confiável. Não basta ter acesso a energia e terrenos; é preciso capacidade de entregar.
O Redata vai ser determinante?
Será um grande fator na tomada de decisão. Muitos "hyperscalers" avaliavam outros países porque a carga tributária era um entrave para o Brasil. Com o Redata, abre-se a porta para aproveitar melhor a energia renovável e mais barata do Brasil.
O plano das empresas é instalar data centers para "treinamento" de IA aqui?
É uma pergunta complexa. Hoje, grande parte do treinamento ainda acontece nos EUA. O que veremos aqui é a migração de algumas aplicações e a discussão sobre quais dados podem ser enviados dos EUA para cá e vice-versa. Também veremos mais IA de inferência (fase de execução) acontecendo localmente no Brasil.
A senhora está envolvida na atração de "hyperscalers" para o Rio AI City?
Sim. Meu plano é trabalhar esse projeto diretamente com eles, e a maioria já está a par. O Rio AI City é uma ótima oportunidade para unir grandes "cargas de trabalho" (workloads) de IA com energia 100% renovável e infraestrutura moderna, com muita capacidade disponível. No médio prazo, teremos 1,5 GW de capacidade, com possibilidade de escalar até 3,2 GW.
As empresas de data center reclamam da dificuldade de se conectar a essa energia barata no Brasil, por gargalos de infraestrutura e burocracia...
Questões de distribuição, transmissão e geração são um problema global. Os EUA também enfrentam limitações de capacidade, dependendo da região.
Alguns analistas sugerem que o Brasil já perdeu grande parte da janela de oportunidade para virar uma potência dos data centers de IA. Concorda?
Não. O Brasil está muito bem posicionado para atrair "hyperscalers". É uma questão de tempo, oportunidade e prontidão. Por isso é tão importante um projeto como o Rio AI City. Agora, é questão de encontrar os parceiros certos. A oportunidade ainda está na mesa " nada foi perdido.
Questiona-se muito o impacto ambiental dos data centers. Os "hyperscalers" são sensíveis a esse tema?
Diria o seguinte: alguns dos problemas que os "hyperscalers" enfrentam nos EUA " em energia ou sustentabilidade " podem não desaparecer totalmente no Brasil, mas o acesso à energia renovável aqui é um diferencial enorme. O Brasil tem vento, sol e água. Isso torna a energia mais atraente do que em muitos mercados globais e pode mitigar as preocupações.
Elena Winters , Vice-Presidente da elea
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