Indústria de sp questiona aumento de 36% do gás
Com um reajuste médio de 36% no preço do gás natural para a indústria paulista autorizado desde 1º ...
Com um reajuste médio de 36% no preço do gás natural para a indústria paulista autorizado desde 1º de fevereiro pela Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp), empresários pretendem ir à Justiça para anular o aumento. Associações que representam a indústria química, de vidro e cerâmica, entre outras, argumentam falta de transparência na formação do índice de correção do preço para pedir a suspensão do reajuste.
" Esperávamos um aumento de até 15%. Mas 36%, na média, é impraticável. Para algumas empresas do setor químico, vai ficar mais barato importar o produto que fabricam do que produzir aqui " diz a diretora de Economia e Estatística da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Fátima Giovanna Coviello Ferreira.
repasse para consumidor
Para Giovanna, não há razão para um aumento extraordinário dessa magnitude. O dólar oscila em torno de R$ 3,70, mesma cotação de maio do ano passado, data-base para o aumento. A taxa básica de juros se mantém em 6,25% ao ano, e o barril de petróleo está mais barato que no mesmo período do ano passado.
" Nenhuma das três variáveis que estão na composição de preço do gás subiu no patamar do reajuste anunciado " afirmou a diretora da Abiquim, lembrando que, em maio de 2018, já houve um reajuste de 21%. Portanto, em menos de um ano, o preço do combustível para a indústria paulista foi de 64%.
Lucien Belmonte, superintendente da Associação Brasileira da Indústria de Vidro (Abividro), diz que o gás representa 30% do custo da produção do setor, e o impacto desse reajuste torna "quase inviável" o processo de fabricação do produto. Na indústria de cerâmica, segmento que é o segundo maior consumidor de gás no país, a estimativa é de um aumento de 10% no preço final dos produtos ao consumidor, segundo Antonio Carlos Kieling, superintendente da Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos e Louças Sanitárias (Anfacer).
" Com inflação baixa e a economia desaquecida, um reajuste dessa grandeza, além de ser inflacionário, é dramático para qualquer empresa " diz Kieling.
Em nota, a Arsesp informou que a tarifa final do gás canalizado é formada pelo preço do produto mais o transporte, que é determinado pela Petrobras. A estatal, por sua vez, informou que o preço de venda de gás natural praticado pela companhia segue fórmula ligada às cotações internacionais de óleos combustíveis e à taxa de câmbio. A estatal tem contratos distintos com distribuidoras de gás canalizado, que, por sua vez, têm seus preços e operações fiscalizados por agências reguladoras estaduais. Por isso os preços variam em cada estado. (Colaborou Ramona Ordoñez)