A ativista conservadora que se opôs às feministas nos anos 1970
Crítica
Crítica
O ano era 1972 e o movimento feminista americano gritava suas palavras de ordem contra os "porcos chauvinistas", para usar a terminologia da época. A Emenda dos Direitos Iguais (ERA), grande batalha desse grupo, tramitava no Congresso americano. Foi quando ativistas conservadoras contrárias a tudo isso arregaçaram as mangas para barrar a proposta. Série do FX que conta essa história, "Mrs. America" chegou ao iTunes. Cate Blanchett interpreta a protagonista, a líder neoconservadora Phyllis Schlafly. Dona de casa do Illinois, ela defendia as benesses da vida de "espera-marido" e o poder para o patriarcado, além de se opor ao que chamava de "pesadelo feminista totalitário".
A série vem fazendo sucesso nos Estados Unidos e na Europa, e com razão. A começar pelo trabalho impressionante de Cate Blanchett. Recontar a História de seu ponto de vista mais antipático não é uma tarefa fácil. "Mrs. America" faz isso sem perder a perspectiva do espírito do tempo. É preciso relativizar tudo para entender o que se desenrolava naquele momento. Gloria Steinem (Rose Byrne) e Betty Friedan (Tracey Ullman) parecem radicais. Mas estamos falando de uma luta que exigiu a queima de sutiãs para que as mulheres de hoje tivessem outros avanços em suas conquistas. O grupo das conservadoras defendia um pensamento atualmente em extinção, mas que, nos anos 1970, ainda parecia legítimo para a maioria. No elenco está ainda a ótima Sarah Paulson, como uma apoiadora de Schlafly. A reconstituição cuidadosa está em cada detalhe, dos figurinos (veja na foto ao lado) à trilha, passando pela cenografia. Merece toda a sua atenção.