Viernes, 26 de Abril de 2024

Muita pose para viver na miséria

BrasilO Globo, Brasil 7 de marzo de 2021

Patrícia Kogut

Patrícia Kogut
crítica/ ‘Schitt’s Creek’> Ótima
Antes de conhecer a canadense "Schitt’s Creek", assisti à festa de Eugene e Dan Levy, pai e filho, no Emmy do ano passado, enquanto eles empilhavam troféus. Foi uma lavada linda de se ver. Ambos pulavam de alegria a cada anúncio de mais um prêmio (levaram, entre outros, os quatro principais para atores, um feito histórico). A coleção de estatuetas se multiplicou recentemente, no Globo de Ouro. Cito apenas esses louros, mas quem quiser pesquisar verá que foram inúmeras as conquistas em cinco anos no ar. Entendi as razões de a série ser tão cultuada ao conferir os episódios (as seis temporadas estão disponíveis aqui na Paramount+, dentro da Amazon Prime Video). Eles valem a viagem.
Acompanhamos as desventuras da família Rose: Johnny (Eugene Levy) e Moira (Catherine O’Hara) e seus filhos adultos, David (Dan Levy) e Alexis (Annie Murphy). Eles estão instalados em sua mansão daquelas de cinema, com muitas escadarias e pisos de mármore, quando a campainha toca. A copeira latina abre a porta e dá de cara com um guarda uniformizado. Com forte sotaque castelhano, pergunta, apavorada: "Imigração?". Não. É uma turma de agentes federais que veio confiscar todos os bens na casa. As joias da madame, as bolsas de grife da patricinha, os móveis etc. Tudo é empacotado diante dos moradores indignados com a "injustiça". Para piorar, o advogado dá a péssima notícia: eles perderam a fortuna por transações fraudulentas. O governo permitirá, no entanto, que conservem um único bem: uma cidadezinha que Johnny comprou para David no passado, de brincadeira.
Pais e filhos então rumam para lá, com muita pose e as malas contendo o que restou. São recebidos pelo prefeito, Roland Schitt (Chris Elliott), um bobão. E se hospedam no único lugar disponível naquele fim de mundo, um motel pulgueiro. A postura esnobe, o apego a um brinco de brilhantes ou a uma bolsa cara e a futilidade dos filhos vão sendo desmontados à medida que a nova realidade se impõe.
Essa é uma daquelas comédias refinadas e corajosas, obra de roteiristas que não têm medo de exagerar diante do risco de estragar a piada. As situações são deliberadamente levadas ao paroxismo do ridículo. Porém, elas sempre escapam do precipício depois que o texto aproveitou ao máximo a graça. É assim no roteiro, nos figurinos e na cenografia. Há uma dose grande de crítica. O pacote estético dialoga intensamente com a história.
Basta começar para entender o sucesso da série. É diversão garantida com uma vantagem adicional: os episódios contabilizam apenas 20 minutos em média, um formato que favorece quem não tem muito tempo e convida os mais dispostos à maratona. Recomendo.
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