Novo ceo da xp assume prometendo crédito e conta digital
O novo CEO da XP, Thiago Maffra, assume hoje o posto com foco na expansão da carteira de crédito e ...
O novo CEO da XP, Thiago Maffra, assume hoje o posto com foco na expansão da carteira de crédito e prevê o lançamento de uma conta digital nos próximos meses. Em entrevista a jornalistas, o substituto do fundador da empresa, Guilherme Benchimol, afirmou que a estratégia da XP é lançar novos produtos que lhe permitam ir atrás "dos R$ 700 bilhões em receitas bancárias nas quais ainda não atuamos".
" De um ano para cá, a gente vem avançando em novas frentes, como o lançamento do cartão no começo do ano. Nos próximos meses, vamos entrar em novas verticais. Acreditamos que nossa missão é transformar essas outras verticais do mercado financeiro, assim como fizemos com os investimentos " afirmou Maffra, que era diretor de Tecnologia e está há seis anos na XP. " Tem muitas XPs para a gente criar ainda.
Segundo Maffra, a conta digital da XP será completa, abrangendo de conta salário a cartão de débito. O lançamento não só coloca a XP como rival de fintechs como Nubank, Inter e Pic Pay, mas a deixa em posição de concorrer com os grandes bancos. Complementará também a oferta de cartão de crédito, lançado em março. No primeiro trimestre, o cartão atingiu um TPV (volume total de pagamentos, na sigla em inglês) de R$ 505 milhões.
Outra prioridade do novo CEO é ampliar o rol de produtos de crédito, cuja carteira encerrou o primeiro trimestre em R$ 4,7 bilhões " para efeito de comparação, a do Itaú fechou 2020 com R$ 869,5 bilhões. Por enquanto, além do cartão de crédito, a XP só oferece linhas de crédito que usam os recursos investidos pelo cliente como garantia e linhas de capital de giro. Mas Maffra disse que, eventualmente, a XP oferecerá até crédito imobiliário.
" Nossa carteira é nova e vem crescendo rápido. Não temos um cronograma de lançamentos preciso para comentar, mas nossa ideia é "endereçar" os R$ 700 bilhões em receitas bancárias nas quais ainda não atuamos ao longo do tempo " disse Maffra.
A ampliação da carteira de crédito também passa pela atração de pessoas jurídicas, que nunca haviam sido o foco da XP. Segundo Benchimol, a ideia é alavancar o crédito junto a esse público por meio do mercado de capitais.
" Queremos usar o mercado para financiar empréstimos, através de FIDCs, por exemplo. Essa é uma realidade no exterior. Queremos ser um banco asset light nesse sentido " disse Benchimol, que fundou a XP há 20 anos e entrou para a última lista de bilionários da revista Forbes, com fortuna estimada em US$ 2,6 bilhões (cerca de R$ 14 bilhões).
Oportunidade
Desde o IPO na Nasdaq, no fim de 2019, Benchimol tem repetido que a XP se tornou uma empresa de tecnologia " embora, à época da oferta, alguns críticos apontassem a tecnologia como o calcanhar de aquiles da companhia. De qualquer forma, a XP vem promovendo uma transição digital nos últimos três anos e meio e, segundo Maffra, uma de suas missões é aprofundar o processo. Para isso, ele quer criar mais unidades de negócio que funcionem como start-ups dentro da estrutura da XP.
Segundo Benchimol, a troca de CEOs resolve tanto uma questão de posicionamento como de governança.
" Nessas duas décadas, eu fui CEO, controlador e presidente do conselho. A governança era um ponto que não era o melhor da companhia " admitiu ele, que continuará como presidente do Conselho de Administração. " Quando colocamos o CTO (diretor de Tecnologia) como CEO, queremos colocar a tecnologia a serviço do cliente. Pode parecer sutil, mas há uma diferença enorme. A mensagem de que o pensamento mudou fica mais clara.
Com 36 anos, Maffra entrou na XP em 2015. Ele iniciou a carreira na mesa de operações e, desde 2018, era CTO. Formado em administração de empresas pelo Insper, em 2006, Maffra tem um MBA em gestão na Universidade Columbia, em Nova York.
Sua nomeação como CEO fora anunciada em março.
Perguntado, Benchimol não quis comentar as notícias de que a XP teria sinalizado interesse em comprar a operação do Credit Suisse no Brasil " o banco suíço nega qualquer negociação.
Ele também não quis tratar de concorrentes que não sejam os bancos de varejo. Isso apesar de a operação digital e o braço de gestão de patrimônio do BTG Pactual terem captado R$ 76 bilhões em recursos no primeiro trimestre " 10% mais que a XP.
Maffra rebateu que "é preciso comparar laranjas com laranjas", sugerindo que os números não são comparáveis.
" São R$ 10 trilhões de ativos, 90% deles nos grandes bancos. A oportunidade é essa " disse Benchimol.