Ministros articulam saída de prates do comando da petrobras
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, pretende apresentar nesta semana ao presidente Luiz ...
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, pretende apresentar nesta semana ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma sugestão de substituto para o atual presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, com quem vem travando uma guerra interna no governo há alguns meses. Costa quer emplacar no lugar de Prates seu homem de confiança e secretário do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Marcus Cavalcanti, que também já foi secretário de Infraestrutura da Bahia em sua gestão como governador do estado.
A iniciativa do ministro é mais um lance da disputa pelo controle dos rumos da Petrobras, que opõe Prates a Costa e ao ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira. Este último disse publicamente na semana passada que a estatal deveria baixar o preço dos combustíveis, já que a cotação do petróleo no mercado internacional está em queda, assim como o dólar.
Para analistas, porém, mudar o comando da empresa não é fácil já que a Lei das Estatais e o estatuto da companhia blindam a Petrobras de ingerências políticas. O Conselho de Administração da empresa, do qual Prates faz parte, e a diretoria são escolhidos em assembleia de acionistas. Todos os nomes devem, então, ser aprovados pelo Comitê de Pessoas, que avalia a qualificação e integridade dos indicados.
" A eventual saída de Prates seria a consumação de um ato que o mercado não acredita que possa acontecer " diz Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos.
As ações ON (com voto) da Petrobras fecharam em leve queda, de 0,33%, a R$ 39,39. As preferenciais (PN) subiram 0,08%, a R$ 36,74. Procurada, a empresa não quis se manifestar.
Pelo X, Costa negou que estivesse buscando a substituição de Prates. Mas nos bastidores o fato de estar cogitando alternativas para apresentar a Lula é considerado um sinal de que ele acredita que Prates está politicamente fraco e pode acabar caindo em breve.
reunião com minoritários
O próprio Prates já detectou a movimentação, tanto que vem procurando os conselheiros que representam os minoritários para tentar forjar uma aliança. Hoje, o governo tem seis dos 11 votos no Conselho da Administração, mas três são ligados a Silveira.
No fim de semana, o presidente da Petrobras chegou inclusive a convidar alguns minoritários para um jantar na noite que vai anteceder a reunião do conselho em que será votado o plano estratégico da companhia, prevista para a próxima quinta-feira.
Prates aposta que os minoritários podem preferir apoiá-lo a aceitar que o governo nomeie um novo presidente que vá atropelá-los nas votações sem qualquer possibilidade de diálogo.
" Por mais que o governo indique, os nomes passam pelo crivo dos acionistas. Por isso Prates se reúne com minoritários, para se manter no cargo " avalia Roberta Castro, especialista em governança corporativa.
No fim de semana, Prates respondeu a Silveira pelas redes sociais dizendo que se o MME quiser "orientar a Petrobras a baixar os preços de combustíveis diretamente" será necessário seguir a Lei das Estatais e as regras do estatuto da companhia.
Além da briga pelo preço do combustível, a divergência entre Prates e os ministros de Lula gira em torno da proposta da diretoria para transição energética no plano estratégico para os próximos cinco anos, que prevê mais de R$ 5 bilhões para energia eólica, em terra e em alto-mar.
Tanto aliados de Silveira quanto minoritários se queixam de não terem detalhes do que exatamente será feito nem dados suficientes sobre a viabilidade dos investimentos. Os conselheiros se queixam de não terem tido acesso aos diretores e nem ao próprio Prates para discutir o plano.