Dólar encerra a r$ 5,19, após semana de montanha-russa
Depois de uma montanha-russa, em que registrou a maior cotação do ano (R$ 5,27), o dólar comercial ...
Depois de uma montanha-russa, em que registrou a maior cotação do ano (R$ 5,27), o dólar comercial fechou em queda de 0,96% ontem, a R$ 5,199. Ainda assim, a divisa acumula valorização de 1,5% na semana e 8% no ano. Desde 27 de março, quando encerrou a R$ 4,97, o dólar está acima de R$ 5.
Para Adriano Yamamoto, analista do C6 Bank, ontem houve um ajuste no câmbio:
" O que vemos é mais fluxo, com realização de lucro. É um movimento de correção natural.
As recentes oscilações se deveram a fatores externos e internos. O principal deles foi o balde de água fria na expectativa sobre os cortes de juros nos Estados Unidos. Os agentes do mercado esperavam que o ciclo de cortes começasse em junho, mas a inflação de março, divulgada no último dia 10, veio acima das projeções, e membros do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) começaram a sinalizar que os juros podem permanecer altos por mais tempo.
No cenário interno, o governo confirmou, na segunda-feira, a mudança na meta fiscal em 2025. Em vez de um superávit de 0,5% do PIB, como previsto originalmente, terá um resultado zero, ou seja, receitas iguais às despesas. E em 2026 a meta será de um superávit de 0,25%, contra 1% antes.
Pesa ainda a escalada dos conflitos no Oriente Médio, agora entre Irã e Israel.
" A semana foi muito agitada. Teve a mudança da meta fiscal, e isso impactou todos os ativos no Brasil. Além da perspectiva de manutenção dos juros nos Estados Unidos. Os operadores começaram a se questionar se não houve exagero " afirmou Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.
Em Washington para a reunião de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, voltou a afirmar ontem que a autoridade monetária só vai atuar no mercado de câmbio quando houver uma disfuncionalidade, como um erro de precificação ou alguma ocorrência significativa:
" Fora isso, acho que o que você faz é criar mais distorção do que você é capaz de corrigir " afirmou.
Campos Neto explicou seguir o princípio de separação: as taxas de juros são para a política monetária, as medidas macroprudenciais, para a estabilidade financeira, e o câmbio é flutuante.
O presidente do BC ressaltou que o Brasil ficou um ano sem intervenções e que sempre se pergunta qual é o ponto ótimo para fazê-las:
" Se você não intervir de maneira nenhuma, é um erro. Se intervir muito, também é um erro.
Ele afirmou ainda que as vulnerabilidades do Brasil estão bastante atreladas ao cenário global e que a dívida soberana mundial está alta, citando Estados Unidos, Europa e Japão, em comparação ao nível observado pré-pandemia.
Sobre dívida, Campos Neto ressaltou que o Brasil fez o dever de casa, com reformas, como a da Previdência e a Tributária.
Em outro evento em Washington, o presidente do BC brasileiro falou do Pix, que, segundo ele, promoveu a inclusão bancária:
" Você elimina o problema de 500 cidades no Brasil que não têm caixas eletrônicos ou agências bancárias " disse. " No Brasil, você não precisa de caixa eletrônico mais porque você pode ir a qualquer loja e sacar dinheiro.
*Do Valor
**Especial para O GLOBO