Sábado, 04 de Mayo de 2024

Cenário favorável para garantir o rendimento da aposentadoria

BrasilO Globo, Brasil 22 de abril de 2024

O número de fundos de previdência que rendem mais do que a inflação vem subindo nos últimos ...

O número de fundos de previdência que rendem mais do que a inflação vem subindo nos últimos tempos. Isso significa que a grande maioria desses produtos está garantindo o poder de compra de quem investe, cumprindo, assim, o objetivo de proporcionar uma aposentadoria financeiramente tranquila. Levantamento feito pelo Valor Investe mostra que dos 3,6 mil fundos de previdência existentes em 2023, 98% renderam mais do que o IPCA daquele ano.
Segundo especialistas, esse bom desempenho se deve especialmente a dois fatores. Um é o cenário macroeconômico favorável. O outro é a "explosão" de novos fundos, que aumentou a competição e ajudou a reduzir a taxa de administração das carteiras (que representa, na prática, um custo para o investidor).
O cenário atual, de juros altos e inflação sob controle, ajuda a explicar o bom desempenho dos fundos de previdência, já que muitos deles ainda são de renda fixa e se beneficiam da Taxa Selic acima de dois dígitos.
Em 2023, a diferença do CDI (taxa que segue de perto a Selic e é usada como indexador de muitos produtos de renda fixa) para a inflação foi de 8,43 pontos percentuais. Isso significa, portanto, que, se um gestor colocasse grande parte dos recursos do fundo em um título que rendesse perto do CDI (como o Tesouro Selic), já garantiria um ganho acima da inflação.
" Nos últimos anos, a inflação desacelerou. Em 2021, ela era de 10% ao ano. Depois disso, o Banco Central subiu juros, e o IPCA começou a cair. Esses juros mais elevados contribuíram para que esses produtos tivessem um ganho acima da inflação " diz Clayton Calixto, especialista de portfólio da Santander Asset.
Outro fator é o aumento da concorrência. Em 2023, havia quase 3.600 produtos de previdência no mercado. Em 2013, chegavam a 650. Esse aumento da oferta veio junto com uma evolução do próprio setor. E um marco para que isso acontecesse foi a resolução 4.444, de 2015. A norma ampliou os tipos de ativos que cada classe de fundos de previdência poderia ter em seu portfólio, além de mudar os limites de alocação em relação ao valor total da carteira.
Antes dessa resolução, o investimento máximo em renda variável dos planos abertos de previdência era de 49%. Depois, passou a 70% para investidores em geral e 100% no caso dos planos exclusivos para investidores qualificados (aqueles com ao menos R$ 1 milhão aplicados).
" A resolução (4.444/15) trouxe uma flexibilização da classe de ativos e uma maior permissão de alocação no exterior. Isso deixou o veículo de previdência, que já tinha vantagens tributárias, mais atraente " afirma Fernando Cavallete, especialista de portfólio da Itaú Asset Management.
Produtos multimercados
Esse desenvolvimento se traduziu, segundo os especialistas, não só em mais fundos disponíveis, mas no refinamento deles. Segundo Calixto, na própria Santander Asset surgiram produtos de previdência multimercados, que alocam seus recursos em outros fundos, em títulos de crédito privado e até em juros no exterior. O mesmo aconteceu na Itaú Asset, segundo Cavallete. Ele explica que, quando a gestora lança um fundo multimercado, replica a estratégia para um produto de previdência:
" Assim, o investidor escolhe se ele prefere aplicar por meio da previdência ou do fundo multimercado.
Segundo Estevão Scripilliti, diretor da Bradesco Vida e Previdência, há mais flexibilidade, tanto para os gestores adaptarem os portfólios ao cenário macroeconômico, como mais liberdade para os investidores migrarem para outros fundos.
" Hoje todo mundo corre o tempo todo para ser melhor que o vizinho, e o ambiente regulatório permitiu mais flexibilidade aos gestores. Isso tudo faz com que os produtos de previdência tenham rendimentos cada vez mais consistentes " afirma Scripilliti.
Também surgem produtos cada vez mais segmentados, para públicos ou objetivos específicos, explica Carlos Eduardo Gondim, diretor executivo de Vida e Previdência da Porto Seguro:
" A flexibilidade é uma palavra importante nessas mudanças na indústria, porque nos permite trazer soluções distintas para atender necessidades diferentes.
Mais diversificação
Para ele, esse aprimoramento dos produtos ajuda a previdência a cumprir um de seus principais papéis: garantir, no futuro, o poder de compra de quem investe nela. Ou seja, bater a inflação.
A maior concorrência e a evolução do setor de previdência também se refletiram na cobrança da taxa de administração.
O estudo do Valor Investe mostra que, entre os fundos criados em 2023, a mediana das taxas de administração mínimas é de 0,55% ao ano e a máxima é de 2% ao ano.
Além disso, dos fundos criados em 2023, 31% cobram do investidor a chamada taxa de performance " paga ao gestor quando o desempenho do fundo supera a meta. Esse percentual também vem crescendo.
Segundo Cavallete, da Itaú Asset, na prática, o que esses números mostram é que foram surgindo mais opções de fundos de estratégias mais simples (o que barateou as taxas de administração mínimas), mas, simultaneamente, foram criados fundos mais sofisticados, que cobram mais porque buscam melhor retorno para o investidor. Ele ressalta que, mesmo nesses casos, "o resultado líquido para o cliente é superpositivo."
Mas, apesar da evolução da indústria, a previdência privada ainda não é amplamente usada pelos brasileiros. No fim do ano passado, 10,8 milhões de pessoas tinham plano de previdência, segundo dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi). Isso representa apenas 5,3% da população.
Scripilliti, do Bradesco, reconhece que o caminho pela frente é longo, mas ele vê o copo meio cheio. Ele diz que a previdência tem mostrado uma captação estável, o que mostra que os investidores reconhecem sua importância:
" A previdência passou por pandemia, ciclo de juros baixos e altos, mas sempre com consistência de captação líquida positiva.
Para Scripilliti, é importante desmistificar a previdência:
" Durante muito tempo tivemos dois fantasmas. O primeiro é o mito de que previdência é só para quem tem muito dinheiro. O segundo é que o produto é muito complexo, com muitas regras, muitos nomes. Eu acho que temos que quebrar esses estigmas que foram criados no passado e tentar simplificar essa discussão.
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