Com brasil protagonista só nos esportes radicais, laureus será entregue hoje em madri

Com favoritismo de grandes nomes como o sérvio Novak Djokovic, recordista de Grand Slams na história do tênis masculino, ou Mondo Duplantis, sueco que quebrou " outra vez " o recorde mundial do salto com vara anteontem, passando pela espanhola Aitana Nomatti, melhor jogadora de futebol do mundo, o Prêmio Laureus será entregue hoje, às 15h (de Brasília, o Sportv transmite), diretamente do Palacio de Cibeles, em Madri.
Se não tem indicados nas duas categorias principais, que premiam o homem e a mulher considerados os atletas do ano pela academia do Laureus "o prêmio é conhecido como o "Oscar do esporte ", o Brasil está representado entre os atletas dos esportes radicais. A skatista Rayssa Leal e o surfista Filipe Toledo podem, 22 anos depois, voltar a colocar o Brasil no palco da cerimônia nesta categoria. Espécie de "mentor" e ídolo de Raysssa, o skatista Bob Burnquist venceu em 2002.
Fora do topo
A participação considerável, mas coadjuvante do Brasil nos indicados este ano é um retrato do histórico brasileiro no Laureus, e consequentemente, na história do esporte no século XXI " a premiação começou a ser distribuída em 2000 e chega hoje à 25ª edição. Apesar de ver crescer seu número de medalhas olímpicas no século, o país berço do maior atleta de todos os tempo ainda encontra dificuldades de ver nascer ídolos mundiais do esporte, que rompam as fronteiras nacionais. Desde Ayrton Senna, cuja a morte completa 30 anos em poucos dias, e Gustavo Kuerten, que há 20 anos vencia seu último torneio, ninguém parece ter conseguido chegar ao mesmo patamar em esportes individuais.
Ao todo, 11 países entre as mulheres e nove entre os homens já viram seus ídolos vencerem as principais categorias do Laureus, incluindo a Argentina, com Lionel Messi, que ano passado foi o melhor atleta pela segunda vez. Mesmo no futebol, o Brasil só teve indicados, nunca vencedores: Ronaldo (2003), Ronaldinho (2006), Marta (2008) e Kaká (2009). Em uma categoria que premia a melhor equipe coletiva do ano, a seleção do penta venceu na edição de 2003 do prêmio.
" Há 15 anos temos indicados. Mas o Brasil hoje, é fato, está carente de ídolos em quase todas as modalidades. Há alguns anos, tínhamos ídolos no tênis, como o Guga, Senna na Fórmula 1, basquete com Paula, Hortência e Oscar, Cielo na natação. Difícil saber o porquê, mas precisamos voltar a resgatar esses grandes ídolos para que eles possam ser premiados com os principais prêmios do Laureus " opina Cafu, campeão mundial pela seleção nas Copas de 1994 e 2002, que também é embaixador da Academia.
O brasileiro mais importante da história do prêmio é o nadador Daniel Dias, que foi o melhor para-atleta do ano por três vezes e hoje é membro e embaixador da academia. Mas são os esportes radicais que dominam o recorde de indicações " são 14 ao todo, apesar de Burnquist a ser o único premiado. O fato de a esperança estar hoje em Filipe e Rayssa é a prova que, mundialmente, os esportes de ação são os que o Brasil está mais perto de um protagonismo mundial.
" Apesar de eu achar que ainda falta muito investimento para revelar esses atletas, é óbvio que melhorou muito. Olha a Rayssa, que tem 16 anos e onde ela já chegou, o que conquistou, os patrocinadores que ela tem. As oportunidades têm aparecido mais. Não está do jeito que poderia, mas o investimento está sendo feito e, claro, nossas performances também são responsáveis por isso, porque a gente agarra as oportunidades que aparecem " disse Filipe Toledo, ontem, ao GLOBO, em Madri.
Brazilian Storm
Bicampeão mundial de surfe, parte da brazilian storm que faz o Brasil exercer um domínio completo no esporte nos último anos. Já Rayssa, que assim como Filipe, também indicada no ano passado, coleciona medalhas com apenas 16 anos de idade. Os dois concorrem como Caroline Marks, surfista americana campeã mundial, a sul-africana Kirsten Neuschafer, primeira mulher a vencer uma regata de volta ao mundo, Bethany Shriever, campeã mundial de BMX pelo Reino Unido e Arisa Trew, skatista que, aos 13 anos aterrissou um salto de 720º em uma competição pela primeira vez.
Outros prêmios esperados das noite são o de equipe do ano, que tem o Manchester City, a seleção feminina da Espanha e a Red Bull Racing como indicados; o de revelação do ano, quem tem Jude Bellingham, do Real Madrid como favorito. Já a favorita a vencer o prêmio de maior superação é Simone Biles que após uma ausência de dois anos voltou a vencer no Mundial de Ginástica. A ginasta americana já venceu quatro vezes a principal categoria, atrás somente da tenista Serena Willians, pentacampeã. Entre os homens, o maior vencedor é o também tenista suíço Roger Federer, com cinco troféus.
* O jornalista viajou a convite do Laureus