Entenda tarifas de fundos, etfs e negociação direta de criptos
Em 2023, a cotação do Bitcoin, a "estrela" do mercado de criptoativos, saltou 160% (veja ...
Em 2023, a cotação do Bitcoin, a "estrela" do mercado de criptoativos, saltou 160% (veja infográfico ao lado). No primeiro trimestre deste ano, avançou mais 60%, marcando novo recorde em março. A valorização atraiu mais investidores, mas a perspectiva de ganhos tem um custo: as tarifas cobradas pelas gestoras de veículos de investimento, sejam fundos, contratos futuros e ETFs (fundos de índice negociados em Bolsa), e pelas exchanges, as plataformas de negociação direta que operam como Bolsas.
As chamadas tarifas de administração primárias cobradas sobre os ETFs variam entre 0,10% e 0,90% ao ano, conforme levantamento da Quantum Finance, a partir de dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Mas, em função da estrutura e da estratégia do ETF, a taxa total pode variar, podendo chegar a 1,30% ao ano.
" ETFs são, por definição, um veículo de investimento barato, onde a ideia é sempre cobrar o mínimo possível " diz Theodoro Fleury, gestor e diretor de investimentos da QR Asset Management. " No caso de cripto, existem alguns custos um pouco mais altos do que ETFs de ativos tradicionais, como a custódia qualificada dos criptoativos.
O que é mais vantajoso?
Fleury explica que, no Brasil, há dois modelos de gestão de ETF. Um é o direto, em que tudo é feito no país, e o custo de administração total do ETF é o efetivamente informado pelas gestoras. Já no indireto, um veículo brasileiro investe em outro no exterior. Nesses casos, ao custo de administração soma-se a taxa do veículo estrangeiro.
Em relação aos fundos de investimento, o levantamento da Quantum aponta que as taxas de administração variam entre 0,05% e 1,50% ao ano.
Dependendo das estratégias, dos tipos de portfólio e da gestão " ativa ou passiva ", também podem ser cobradas taxas de performance, isto é, um percentual sobre o desempenho do fundo em comparação a determinado índice de referência, chamado de benchmark. Este pode ser o CDI (referência na renda fixa, relacionado à Taxa Selic) ou índices específicos, normalmente internacionais.
João Marco Cunha, diretor de Gestão da Hashdex, explica que, na prática, o mercado acaba adotando o padrão "dois com vinte", ou seja, 2% de taxa de administração e 20% de performance.
As tarifas cobradas pelas exchanges, por sua vez, são mais complexas. Podem ser aplicadas taxas de depósito, de saque e transferências, ou por transação de venda e compra. Os percentuais variam conforme a plataforma. O aumento da concorrência, no entanto, tem levado muitas exchanges a eliminarem algumas cobranças, principalmente para depósitos.
" Quando o investidor negocia uma cripto, ele paga tarifa de intermediação " diz Fabrício Tota, diretor de Novos Negócios do Mercado Bitcoin.
Em grande parte das exchanges, essas tarifas não são fixas e podem variar conforme o volume negociado: quanto maior o valor, menor o custo. Segundo Tota, essa política "premia" os operadores mais ativos e os day traders (aqueles que compram e vendem um ativo no mesmo dia).
Na hora de decidir onde investir, Marcelo Braga, sócio de Serviços Financeiros da Mazars, empresa especializada em auditoria, consultoria tributária e financeira, explica que alguns pontos devem ser levados em conta:
" Os fundos de investimento de cripto em geral têm taxas de administração mais elevadas na comparação com os ETFs, mas isso não significa que o custo total destes para o investidor seja menor. Isso porque os ETFs podem investir em fundos de cripto no exterior, onde também são cobradas taxas de administração e gestão.
Braga destaca que, no caso de investimento direto em uma exchange, "não existe o custo da taxa de administração ou gestão, mas temos o custo de transação e custódia."
Tem mordida do leão?
Quando são feitas diretamente em exchanges nacionais, operações de até R$ 35 mil são isentas de impostos. Acima desse limite, o ganho é tributado em 15%, até R$ 5 milhões; entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões, paga-se 17,5% de Imposto de Renda; de R$ 10 milhões a R$ 30 milhões, 20%; e acima de R$ 30 milhões, 22,5%. Para operações em exchanges estrangeiras, não há isenção: paga-se IR de 15%.
Sobre o rendimento de ETFs, incide alíquota de 15%. Já nos fundos de investimento, diz Thiago Barbosa Wanderley, advogado tributarista sócio do Salles Nogueira Advogados, a tributação é regressiva: varia entre 22,5%, até 180 dias, e 15%, após 721 dias. Há ainda o chamado come-cotas, de 15%, em maio e novembro.