Documentário conta trajetória de senna por ele mesmo
Dificilmente algum brasileiro nascido antes dos anos 1990 não tenha a lembrança exata de ...
Dificilmente algum brasileiro nascido antes dos anos 1990 não tenha a lembrança exata de onde estava naquele 1º de maio de 1994. Três décadas depois, há também toda uma geração que não vivenciou o luto de um país pela perda de um dos maiores ídolos da história do esporte brasileiro. É com a ideia de resgate da memória de diferentes gerações que o documentário "Senna por Ayrton", do Globoplay, homenageia o piloto tricampeão da Fórmula 1 nos 30 anos da sua morte.
Nos três episódios, que estarão disponíveis a partir de quarta-feira, a trajetória de Ayrton Senna é contada de uma maneira diferente. Não há entrevistas com amigos, famílias, companheiros de equipe, ex-chefes relembrando o homem e o ídolo. Há apenas o personagem principal narrando sua própria história interrompida de forma precoce, aos 34 anos.
" Queríamos fazer um documentário sobre o Senna, mas caímos nesse ponto de um personagem que já foi biografado muito bem em livros e filmes. Buscamos um olhar diferente de um tema muito bem explorado. A ideia foi contar as histórias da vida do Senna do ponto de vista dele. Não pretendemos contar pelos outros, isso já foi feito. É só o viés dele, não importa se as pessoas concordam ou não " diz Rafael Pirrho, diretor e roteirista do documentário, que divide as funções com Rafael Timóteo. Camila Côrtes e José Emílio Aguiar também assinam o roteiro.
Para tal, a equipe do documentário se debruçou por mais de 150 horas de material sobre Senna, entre reportagens e conteúdos da TV Globo. Também foi atrás de entrevistas e vídeos publicados em outras emissoras, como Band, TV Cultura e SBT. Uma das cenas mais curiosas do filme é uma entrevista feita por Roberto Carlos a bordo de um carro conversível, parte do especial de fim de ano do cantor de 1988, ano do primeiro título de Senna.
Com o conteúdo em mãos, o principal trabalho foi garimpar as melhores histórias e organizá-las em uma cronologia que revisitasse a história do ídolo por suas próprias palavras. Por isso, a escolha por uma narrativa linear e toda em português.
"Foram meses só avaliando o material antes de iniciar a edição e montagem para construir a narrativa em primeira pessoa que fizesse sentido. Foi um trabalho muito complexo colocar a narrativa do ponto de vista dele, pois não tenho controle do material, não posso entrevistar outras pessoas " afirma Pirrho.
A escolha pela simplicidade e ordem cronológica tem outro objetivo claro: apresentar de forma direta a magnitude de Ayrton Senna como ídolo nacional às gerações que não assistiram às corridas nas manhãs de domingo ou sequer têm a ligação afetiva com o "Tema da Vitória", música que embala os triunfos brasileiros na Fórmula 1, mas que foi imortalizada por Senna.
" O documentário tem dois públicos diferentes. Quem viveu o período, conhece a história e tem a dimensão do Senna, é atingido de forma mais emocional. E resgata memórias que, às vezes, não se têm de forma tão vívida. E há o outro que ouviu muito, mas nunca viu a história organizada dessa forma. É uma forma de entender o tamanho do Senna, que atingiu unanimidade nacional nunca antes vista " conta.
Os momentos mais emocionantes do brasileiro dentro das pistas estão lá, mas o documentário não se resume aos feitos do piloto nas pistas. A intimidade de Senna é contada nas entrevistas junto à família, nos relacionamentos românticos, nos detalhes da preparação física em uma época em que pouco se falava disso.