Domingo, 19 de Mayo de 2024

Fundo de investimento sustentável rende bem?

BrasilO Globo, Brasil 6 de mayo de 2024

No Brasil, os fundos de investimento sustentável, que abraçam a agenda ESG (sigla em ...

No Brasil, os fundos de investimento sustentável, que abraçam a agenda ESG (sigla em inglês para ações de cunho ambiental, social e de governança), surgiram bem mais tarde em relação à Europa e aos EUA " o que lhes permitiu aprender com os erros lá fora. Mas seu retorno ainda é um mistério para muitos.
Menos da metade (cerca de 40%) dos fundos de investimento com o objetivo de ser 100% sustentáveis e que compram ações batem o Ibovespa, seu indicador de referência, desde que foram criados, conforme estudo feito pelo Valor Investe. Já cerca de 70% daqueles que compram crédito privado (ou seja, papéis de renda fixa) superam o CDI, seu índice de referência, desde seu início.
A análise se baseou nos dados disponíveis no site Anbima Data até 15 de abril deste ano, e somente fundos abertos aos investidores em geral entraram no levantamento (veja infográfico ao lado).
A conclusão é que é mais fácil encontrar bons fundos de crédito privado sustentáveis do que de ações. Mas há um detalhe importante: o estudo analisou somente os fundos que buscam ser 100% sustentáveis, ou seja, nenhum investimento pode comprometê-los. Eles levam o sufixo IS (de "investimento sustentável") no nome. Ficaram de fora os que adotam questões ESG em sua gestão, mas não miram ser 100% sustentáveis.
A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) identifica os dois tipos de fundos, com e sem sufixo IS, desde 2022. Atualmente, há no país 91 fundos com o sufixo IS e 45 que integram questões ESG em sua gestão mas não são 100% sustentáveis, o que representa menos de 1% da indústria. No entanto, há muitos fundos que integram aspectos ESG e ainda não são classificados assim oficialmente. Muitos gestores defendem que é o combo de análise ESG e gestão tradicional que traz mais ganhos.
Os estudos mostram que ainda não é consenso que fundos de renda variável que integram aspectos ESG rendem mais, afirma Henri Rysman, gestor de renda fixa e multimercados e especialista em ESG da BNP Paribas Asset Management, uma das referências em gestão ESG no Brasil. Já nos estudos sobre os fundos de renda fixa, há maior consenso de que aqueles que integram questões ESG remuneram melhor.
" Muitos estudos acadêmicos demonstram que a integração ESG diminui muito o risco de cauda dos ativos, isto é, a possibilidade de ocorrerem eventos extremos com as empresas " diz Rysman.
Gestores brasileiros de ações e crédito que são referência em sustentabilidade dizem evitar se expor a empresas que, no futuro, podem ter problemas graves de cunho ambiental, social e de governança, pois estes reduzirão o valor de mercado dos ativos. Investigando informações a fundo, eles conseguem evitar exposição a casos como o da Americanas, envolvida em uma fraude contábil bilionária, ou o da Vale, quando a barragem de Brumadinho se rompeu, por exemplo.
As gestoras mais avançadas nesse tema construíram modelos próprios para analisar se as empresas cumprem critérios ESG. Essas informações são usadas pelos gestores ao escolher os ativos dos fundos como um todo, não apenas nos sustentáveis.
" Companhias com excelente sustentabilidade geram menos surpresas. Dificilmente essas empresas geram problemas como barragem rompida, fraude ou mão de obra escrava " afirma Milton Cabral Filho, gestor sênior de renda variável da Bradesco Asset. " Mais do que o lucro, importa como as companhias alcançam esse lucro e, para saber isso, analisamos profundamente sua sustentabilidade.
Os retornos dos fundos ESG devem ser competitivos no médio prazo, afirma Marcelo Arnosti, executivo de fundos multimercados e ações da BB Asset. Ele observa que cada vez mais estudos mostram que os fundos ESG são competitivos:
" Temos convicção de que não existe nenhum conflito entre ESG e retorno. Pelo contrário, esses fundos tendem a render mais regularmente.
‘ESG não é moralista’
Para os gestores de fundos, a sustentabilidade deve ser como um bisturi, compara Rodrigo Tavares, professor catedrático da Nova School of Business and Economics, em Portugal, e presidente da consultoria Granito Group. Para ele, uma boa gestora que trabalha com sustentabilidade integra informações ESG a seus cálculos sobre as empresas:
" ESG não é uma causa, nem um tema moralista. Apenas é um conjunto de informações que pode ser usado por gestoras e bancos para decidirem seus investimentos.
Ressaltando que todos os fundos deveriam integrar riscos e oportunidades ESG em seus modelos de decisão de investimento, Tavares acredita que, em uma década, o ESG estará tão integrado à gestão dos fundos que o mercado deixará de usar esse termo.
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