Empresa brasileira e microsoft vão restaurar florestas tropicais
A Microsoft e a re.green se uniram para viabilizar a captura de 3 milhões de toneladas de ...
A Microsoft e a re.green se uniram para viabilizar a captura de 3 milhões de toneladas de carbono a partir da restauração da cobertura florestal de 16 mil hectares de terras degradadas na Mata Atlântica ao longo da próxima década e meia. Além de ser um dos maiores projetos de venda de crédito de carbono já firmados no planeta, o negócio é o primeiro contrato firmado pela re.green e representa uma prova de conceito para o negócio de reflorestamento.
A re.green foi criada há dois anos com a ambição de restaurar 1 milhão de hectares de florestas e um aporte de R$ 380 milhões dos sócios Arminio Fraga, a família Moreira Salles, Marcelo Barbará e Marcelo Medeiros, da Lanx Capital, Dynamo e Guilherme Leal. Até o momento, a empresa, que conta com 100 funcionários, só realizou investimentos: comprando terras, mudas de espécies nativas e desenvolvendo tecnologias de reflorestamento e monitoramento.
" Esse contrato vai nos dar uma previsibilidade de receita pelos próximos 15 anos, reduzindo o risco do negócio " diz o CEO da re.green, Thiago Picolo.
O valor que a Microsoft pagará pelas 3 milhões de Unidades de Carbono Verificadas (VCU) não foi divulgado.
" O nível de exigência da Microsoft é altíssimo, e eles estão pagando um preço diferenciado. É uma grande chancela para o nosso projeto e mostra que o Brasil tem vantagens competitivas para oferecer uma solução para o maior desafio do mundo hoje " diz Picolo, que negociou com a big tech por um ano e meio.
Mais 10,7 milhões de mudas
Desde a fundação, a re.green adquiriu 26 mil hectares de terras nos biomas da Amazônia e Mata Atlântica: metade com cobertura florestal nativa e a outra metade degradada por pasto e passível de restauração. Até o momento, foram plantadas 3 milhões de mudas de espécies nativas nas propriedades.
Para a captura de carbono contratada pela Microsoft serão necessários mais 3 mil hectares de área restaurável e 10,7 milhões de mudas de espécies nativas.
" Já analisamos mais de 2 milhões de hectares de terras e temos memorando de entendimentos para 60 mil hectares, mas não necessariamente seguiremos com todos " diz o CEO da re.green.
As áreas estão passando por diligências para avaliar a existência de passivos ambientais ocultos e a regularidade da posse. Picolo ressalta que o compromisso é restaurar onde há mais impacto:
" Um hectare no lugar certo gera benefícios 5 a 10 vezes maiores.
Metade das terras a serem restauradas com a venda dos créditos para a Microsoft estão em áreas de Mata Atlântica, na Bahia e no Maranhão. Bernardo Strassburg, cofundador e cientista-chefe da re.green, explica que em nenhum outro bioma do planeta 1 hectare de terra restaurada evita a extinção de mais espécies do que na Mata Atlântica.