Jueves, 03 de Julio de 2025

Fatia de pessoas físicas no aluguel de ações dispara

BrasilO Globo, Brasil 15 de julio de 2024

Há pouco tempo, as negociações de "aluguel de ações" eram praticamente restritas a ...

Há pouco tempo, as negociações de "aluguel de ações" eram praticamente restritas a investidores institucionais (fundos, bancos, seguradoras ou corretoras), tanto na ponta "doadora" (o "proprietário" que aluga suas ações para outro investidor) como da ponta "tomadora" (quem pega os papéis, o "inquilino"). Mas esse quadro mudou. Vendido pelas plataformas de investimentos por meio do serviço de custódia remunerada, o aluguel de ações caiu no gosto do investidor pessoa física. De 17,7% do volume movimentado por "doadores" em 2019, investidores individuais representam hoje 38,2%, segundo dados da Bolsa de São Paulo, a B3. Já o volume mensal médio mais que dobrou no mesmo período, de R$ 58,3 bilhões para R$ 123 bilhões. Mas, afinal, como funciona? Há riscos? É lucrativo?
A custódia remunerada é um serviço de aluguel de ativos oferecido por bancos, corretoras e plataformas de investimento, que, basicamente, fazem a ponte entre quem tem as ações e quem quer alugá-las.
Por exemplo, o gestor de um fundo avalia que o preço de um determinado papel vai cair. Então, ele "aluga" essa ação de um investidor por um período predeterminado, pagando uma taxa. O papel custa R$ 10, e o aluguel, R$ 1. Com o papel na carteira, o gestor pode vendê-lo e embolsar R$ 10.
Pouco depois, o valor da ação cai de R$ 10 para R$ 5. O gestor, então, recompra a ação por R$ 5 e a devolve para o "doador" (o dono oficial) no prazo estipulado. Ele embolsou R$ 4 nessa operação, porque recebeu R$ 10 na primeira venda e gastou R$ 5 na recompra e R$ 1 no aluguel.
O valor do aluguel (R$ 1, no exemplo citado) é dividido entre o dono da ação e a corretora que fez a intermediação.
O risco da operação é do "tomador", porque ele se compromete a devolver a mesma quantidade de ações que alugou. Então, se ele apostou na queda, mas o papel subiu, ele terá prejuízo, já que terá de comprar a ação alugada por um valor maior, a fim de devolvê-la no prazo estipulado.
Já o "doador" tem a garantia da B3 de que vai receber a ação de volta. Além disso, permanece como proprietário do papel. No período do aluguel, o "doador" não pode vender essas ações nem votar nas assembleias de acionistas, mas continua a receber os dividendos e demais rendimentos pagos pela empresa, o que torna a operação bastante atraente.
" O empréstimo de ativos pode ser uma boa opção para quem possui ações e não tem intenção de vender no curto e médio prazo. É uma forma de remunerar seus ativos parados " diz Henrique Chagas, especialista de Produtos da B3.
Segundo analistas, o maior interesse do investidor pessoa física nesse tipo de operação se deve à maior informação sobre o aluguel de ações e ao avanço da tecnologia. Rogério Calabria, superintendente de produtos de investimento do Itaú Unibanco, lembra que hoje, para autorizar o aluguel de suas ações, basta um clique.
As plataformas fazem toda a mediação, desde encontrar "tomadores" a negociar com eles preço e prazo do aluguel, e como será feito o pagamento.
"O aluguel de ações sempre existiu no mercado financeiro. Mas agora, os bancos fazem esse serviço pelo cliente " diz Jerson Zanlorenzi, responsável pela mesa variável do BTG Pactual.
Caso o investidor queira tirar suas ações do aluguel e não usar mais o serviço de custódia remunerada, a saída também é pelo próprio app. É o caso de instituições como BTG Pactual, Ágora (plataforma ligada ao Bradesco), Santander e Itaú.
oferta e procura
O que diferencia as corretoras entre si é a facilidade em alugar as ações e a taxa cobrada pelo serviço (geralmente é uma porcentagem do ganho com a operação). Algumas têm mais clientes na ponta "tomadora", o que aumenta as chances de o "doador" conseguir alugar suas ações.
" Para papéis que têm muita liquidez, o cliente vai conseguir alugar, independentemente da corretora. Mas para papéis mais difíceis de alugar, fará a diferença a plataforma que tem mais relacionamentos com "tomadores" " diz Bruno Racioppi, responsável pela mesa de aluguel da Ágora.
Quanto à taxa, Santander e BTG Pactual cobram 50% do valor recebido com o aluguel; Ágora, 40%; e Itaú, 30%. Já o valor a ser recebido pelo aluguel dependerá da oferta e da demanda. Papéis como Petrobras, Vale, Itaú Unibanco e Banco do Brasil, que estão entre os de maior liquidez e mais alugados, oferecem remuneração na faixa de 0,2% ao ano. Por exemplo, se a ação custa R$ 100, o "doador" ganha R$ 0,20 por ano com ela. É pouco, mas o investidor pode ter várias ações daquela empresa e alugar todas, então esse montante cresce. Para receber mais, é preciso ter papéis com forte demanda. É o caso de empresas envolvidas em alguma mudança de controle acionário ou ações cujo valor oscila com frequência. Por exemplo, a taxa média para as ações da Sabesp, em fase de privatização, era de 12% ao ano.
O ganho com aluguel de ações está sujeito ao Imposto de Renda, com alíquota regressiva, a partir de 22,5%.
Se o número de pessoas físicas na ponta "doadora" vem crescendo, poucas se arriscam como "tomadoras" " que ficam expostas à oscilação do papel e podem ter prejuízo. Segundo a B3, eram 4,3% do volume em 2019 e hoje são 4,4%.
La Nación Argentina O Globo Brasil El Mercurio Chile
El Tiempo Colombia La Nación Costa Rica La Prensa Gráfica El Salvador
El Universal México El Comercio Perú El Nuevo Dia Puerto Rico
Listin Diario República
Dominicana
El País Uruguay El Nacional Venezuela