Produção de aço chinês recua com fraco consumo interno
A produção de aço da China caiu mais de 10% em agosto ante igual período de 2023, no menor ...
A produção de aço da China caiu mais de 10% em agosto ante igual período de 2023, no menor nível em sete anos. A indústria no país sofre com queda na demanda e preços baixos. O mês passado foi particularmente difícil para o maior produtor siderúrgico do mundo, com seu principal fornecedor, o China Baowu Steel Group, alertando sobre condições mais sombrias.
À medida que as usinas chinesas lutam contra perdas crescentes em cada tonelada de aço produzida, mais delas optam por desligar altos-fornos. Outras preferem exportar, inundando os mercados de outros países " inclusive o do Brasil " com aço barato.
A produção de aço bruto na China caiu 10,4% em relação ao ano anterior, a 77,9 milhões de toneladas, segundo o órgão nacional de estatísticas. Foi o agosto mais fraco desde 2017, o que aprofunda o declínio geral acumulado em 2024. Os volumes dos primeiros oito meses foram 3,3% menores: 691,4 milhões de toneladas.
A demanda por aço na China está caindo após mais de duas décadas de crescimento puxado pela rápida industrialização e urbanização. Este ano, e especialmente neste verão (no Hemisfério Norte), uma queda contínua na atividade de construção piora a situação.
Ainda assim, houve sinais modestos de recuperação, com alguns preços do aço subindo e os futuros do minério de ferro se recuperando de uma queda abaixo de US$ 90 a tonelada, em ganho semanal.
A economia em dificuldades da China " desde um mercado imobiliário abalado até a fraca confiança do consumidor " também está pesando na demanda por petróleo, conforme destacado repetidamente num importante encontro do setor em Cingapura nos últimos dias.
Siderúrgica fecha no chile
Com a crise na China, dez milhões de toneladas de aço chinês entraram na América Latina no ano passado, um recorde que ameaça a indústria siderúrgica regional. O produto asiático importado chega com preço 40% abaixo do praticado no mercado latino-americano.
Nas últimas duas décadas, a China aumentou sua participação no mercado mundial de aço de 15% para 54%, de acordo com a Associação Latino-Americana de Aço (Alacero).
Na semana passada, a Huachipato, maior siderúrgica do Chile, anunciou que desligaria o seu alto-forno a partir de hoje, após 74 anos de existência. A empresa é o principal motor econômico de Talcahuano, a 500 quilômetros ao sul de Santiago. A medida afeta 2,7 mil trabalhadores diretos e terceirizados.
Huachipato produzia 800 mil toneladas de aço por ano. Em abril, o país aprovou uma sobretaxa ao aço chinês importado, mas isso não foi suficiente para enfrentar perdas de US$ 700 milhões acumuladas desde 2019.
Em abril, o Brasil elevou para 25% o Imposto de Importação sobre vários tipos de aço e fixou cotas de volume de importação para esses produtos. Se essas cotas são ultrapassadas, o produto é sobretaxado. Em julho, os EUA anunciaram taxas de 25% sobre o aço e de 10% sobre o alumínio produzidos na China que entram no país pelo México. (*Com agências internacionais)