Viernes, 20 de Septiembre de 2024

Desafio é adotar energia limpa com universalização de serviços

BrasilO Globo, Brasil 20 de septiembre de 2024

No próximo dia 30 será desligada a última usina de carvão que gera eletricidade para o ...

No próximo dia 30 será desligada a última usina de carvão que gera eletricidade para o Reino Unido, berço da revolução industrial e da primeira usina desse tipo no mundo, inaugurada em 1882. Sinal do compromisso do país em descarbonizar seu sistema elétrico, o carvão, que na década de 1980 chegou a representar 80% da energia do Reino Unido, hoje responde por cerca de 1%, com 33% vindos de eólicas e solares.
Se os países industrializados avançam, o esforço para o uso de fontes mais limpas ainda é longo, o que abre oportunidades para o Brasil, cuja matriz elétrica é formada por mais de 80% de fontes limpas, bem acima da média mundial, de 29%. A pobreza energética está no centro desse desafio.
O número de pessoas sem acesso à eletricidade no mundo é alto: mais de 700 milhões de pessoas vivem sem luz, sendo boa parte na África, cujas florestas são um ativo ambiental importante em um mundo que sente os efeitos das mudanças climáticas. A pobreza energética pode ser retratada com outros indicadores. Cerca de 500 milhões de pessoas têm acesso à eletricidade, mas não têm equipamentos elétricos, segundo o Banco Mundial (Bird). Mais de 2 bilhões de pessoas cozinham ou esquentam suas casas com lenha ou outros tipos de biomassa.
AINDA O CARVÃO
O carvão ainda responde por cerca de um terço da eletricidade gerada no planeta, sendo que a China, apesar de hoje ser líder em investimentos em fontes renováveis, ainda responde por cerca de metade do seu consumo. A Alemanha, maior potência industrial europeia, ainda tem 27% de sua energia gerada por carvão (em 2000, eram 52%).
Dados do Bird apontam que, para adotar energia mais limpa e universalizar os serviços, os países em desenvolvimento terão de aumentar em sete vezes os investimentos em energia, para até US$ 2 trilhões anuais até 2030, sendo que dois terços dos recursos terão de vir do setor privado. Para preparar o mundo para a transição energética, estudo da BNEF indica que a rede de energia elétrica mundial terá de duplicar em comprimento até 2050, para atingir 152 milhões de quilômetros " aproximadamente a distância entre a Terra e o Sol. Alcançar isso exigirá cerca de US$ 21 trilhões em investimentos até 2050.
As mudanças climáticas impõem o desafio de mitigar os efeitos do aquecimento global e reforçar inclusão social, aumento da renda e acesso a novos serviços e produtos. As alta temperaturas deverão aumentar a demanda da população mais carente por equipamentos que proporcionem conforto térmico, como climatizadores e umidificadores e condicionadores de ar.
" Consequentemente, o valor das contas de luz também deverá aumentar, retornando o ciclo de desigualdade que acompanha a transição energética em curso " avalia Elaine Cristina Silva dos Santos, pós-doutoranda do Instituto de Estudos Avançados da USP.
Visto que as contas de luz já são um dos itens que mais pesam no orçamento das famílias brasileiras e o percentual da renda destinada ao pagamento é elevado, tornar o setor elétrico mais preparado para os efeitos extremos do clima exigirá uma nova alocação de riscos e custos. Será preciso equilibrar o retorno das empresas com o bolso dos consumidores.
Para entender os efeitos no setor de transmissão até 2050, a Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (ISA CTEEP) contratou a consultoria Way Carbon. A ideia é mapear as áreas mais sensíveis e discutir como criar uma regulação que trate da resiliência climática.
"Temos de entender se pode haver uma reconfiguração do traçado das linhas ou se é preciso algum reforço não previsto "diz o presidente da empresa paulista, Ruy Chammas.
EQUIPAMENTOS EM RISCO
Ventos extremos causam danos às linhas de transmissão e podem provocar queda de árvores, estiagens severas afetam a geração das hidrelétricas, queimadas podem trazer impactos nas torres de transmissão, enchentes podem inundar subestações. Os equipamentos foram desenhados sob um outro contexto, o que exigirá repensar tecnologias.
" Os eventos extremos estão ficando mais frequentes, o que leva à discussão de alocação de custos e riscos. Como as políticas públicas serão criadas? Como projetar e custear linhas mais robustas? " questiona Ricardo Cyrino, presidente da Evoltz e do Conselho de Administração da Associação das Transmissoras de Energia Elétrica (Abrate). (Roberto Rockmann, especial para O GLOBO)
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