China lança maior pacote de estímulos desde a pandemia
O Banco Popular da China (PBOC), banco central chinês, divulgou ontem o que já é ...
O Banco Popular da China (PBOC), banco central chinês, divulgou ontem o que já é considerado o maior pacote de estímulos à segunda maior economia do mundo desde a pandemia, em 2020. As medidas incluem reduções em diferentes taxas de juros e incentivos à construção civil.
O pacote repercutiu na Bolsa brasileira, onde o Ibovespa fechou ontem em alta de 1,22%, a 132.156 pontos, após cinco pregões em queda. As cotações seguiram as commodities, que se valorizam com o anúncio das medidas.
O presidente do BC chinês, Pan Gongsheng, cortou a taxa de juros de curto prazo e reduziu a quantidade exigida de dinheiro que os bancos precisam manter em reserva (os compulsórios bancários) para o nível mais baixo desde 2018. Foi a primeira vez que houve um anúncio simultâneo de corte de juros e de menor exigência de compulsórios desde 2015. Só a redução de compulsórios deve injetar US$ 140 bilhões na economia via crédito.
novas medidas
Em uma rara coletiva de imprensa em Pequim, Pan afirmou que, se for necessário nos próximos meses, o BC estará pronto para fazer outra redução nos compulsórios, potencialmente dobrando o dinheiro extra disponível.
O PBOC também autorizou os bancos a reduzirem os juros de hipotecas em cerca de meio ponto percentual. Em alguns casos, os juros poderão ficar abaixo de 4% ao ano.
Além disso, será reduzida a exigência de entrada na compra de imóveis, inclusive para segundas residências. Hoje, é obrigatório que o comprador pague 25% do valor no ato de compra, no caso de segundos imóveis. Agora, será 15%.
Pan disse que o banco central terá à disposição 800 bilhões de yuans (US$ 113 bilhões) em linhas de injeção de liquidez no mercado.
As autoridades chinesas ainda não apresentaram medidas para estimular diretamente a demanda, o que analistas consideram um elemento-chave para a recuperação da China.
" Embora seja bom ter medidas de flexibilização monetária, mais precisa ser feito para ajudar a consolidar o crescimento no quarto trimestre " disse Ken Wong, especialista em portfólios de ações asiáticas da Eastspring Investments Hong Kong Ltd.
A questão agora é se tudo isso é um prelúdio para medidas mais substanciais, disse Christopher Beddor, vice-diretor de pesquisa sobre a China na Gavekal Dragonomics:
"Se os formuladores voltarem ao modo de espera e observação, o entusiasmo do mercado pode desaparecer.
As medidas de estímulo trouxeram otimismo ao mercado financeiro no mundo. A Bolsa de Xangai fechou em alta de 4,3%. Em Hong Kong, a bolsa subiu 4,13%. Já a Bolsa de Seul subiu 1,14%, e a de Tóquio, 0,57%. O pacote fez as commodities se valorizarem: em Londres, o contrato futuro para novembro do petróleo tipo Brent fechou em alta de 1,68%, a US$ 75,17. Em Cingapura, contratos futuros do minério de ferro subiram mais de 6%, a US$ 95,15 por tonelada.
Vale valoriza R$ 12,7 bi
Na Bolsa de São Paulo, a B3, que fechou em alta de 1,22%, as ações da Vale chegaram a subir 5,5%, fechando com ganho de 4,88%. A mineradora ganhou R$ 12,75 bilhões em valor de mercado num só dia.
" Estávamos vindo de dias mais negativos, com ativos depreciados, e esse anúncio acabou dando uma animada nas ações ligadas às commodities. E isso levou a reboque outros ativos " explicou Max Bohm, da Nomos Investimentos.
No fim do dia, papéis preferenciais da Petrobras (PN, sem voto) valorizaram 0,41%, a R$ 36,78, e os ordinários (ON, com voto), 0,75%, a R$ 40,50.
*Com agências internacionais