Tap diz ‘confiar’ em acordo com a azul sobre dívida
A aérea portuguesa TAP enviou ontem uma correspondência à Azul na qual diz "confiar" em um ...
A aérea portuguesa TAP enviou ontem uma correspondência à Azul na qual diz "confiar" em um acordo para encerrar uma disputa bilionária entre as duas companhias.
No documento, ao qual o GLOBO teve acesso, a empresa de Portugal rechaçou ter havido quebra de contrato, mas disse já ter designado advogados para a negociação.
A correspondência, que foi assinada pelo presidente do Conselho de Administração da TAP, Luís Rodrigues, e remetida também a integrantes do governo português, cita a possibilidade de "intervenção" do comando da empresa para garantir o avanço das tratativas com a Azul.
A carta é uma resposta à notificação enviada na semana passada pela companhia aérea brasileira, na qual foi cobrada solução para uma dívida de cerca de € 200 milhões, pouco mais de R$ 1,2 bilhão pela cotação atual. O movimento mexeu com as ações da Azul e fez a companhia emitir fato relevante confirmando a negociação.
No comunicado ao mercado, a Azul disse que a TAP "não cumpriu integralmente" as cláusulas previstas no empréstimo e, diante de notícias recentes sobre uma eventual privatização da empresa, contratou um escritório de advocacia para buscar a antecipação da dívida.
A disputa com a TAP tem origem numa emissão de títulos feita em 2016. O vencimento dessa dívida ocorrerá somente em 2026, mas movimentos recentes do governo português, que controla a TAP, fizeram a Azul desconfiar da capacidade da companhia portuguesa de honrar seus compromissos. Para a Azul, isso esvaziaria as garantias do empréstimo feito.
Dois caminhos foram apontados pela empresa brasileira: o aperfeiçoamento das garantias que hoje respaldam a dívida bilionária ou o pagamento antecipado do valor devido.
Na resposta enviada esta semana, a TAP descartou um movimento de recomposição das garantias. Indicou, no entanto, que tem interesse em buscar caminhos para encerrar a contenda.
O temor do grupo português é que a Azul possa abrir um litígio e interromper os planos da TAP de vender ativos, como da Portugália, uma empresa de voos regionais pertencente à aérea portuguesa. A Azul já indicou que está disposta a negociar "algum deságio" sobre os juros caso o caminho escolhido seja o pagamento antecipado .
Procurada, a TAP não comentou. Por meio de nota, a Azul confirmou que busca um entendimento para "sanar a situação de maneira amigável e comercial", mas "não afasta a possibilidade de tomar ações mais duras caso não haja acordo".