Bitcoin é hit lá fora e brasileiros correm atrás: hora de investir?
O cenário é de euforia no no controverso mercado das criptomoedas. A vitória de Donald ...
O cenário é de euforia no no controverso mercado das criptomoedas. A vitória de Donald Trump nos Estados Unidos e suas promessas de medidas favoráveis ao setor têm levado o preço do Bitcoin, primeira e maior criptomoeda em valor de mercado, a bater recordes sucessivos.
Desde a confirmação da vitória do republicano, no dia 6, até a última sexta-feira, a cotação do Bitcoin subiu 31% e renovou sua máxima histórica, acomodando-se (por ora) em US$ 91 mil. No acumulado do ano, a valorização é de 115%.
Com a entrada de instituições financeiras tradicionais no mercado cripto, vários desses ativos estão disponíveis nas plataformas, garantindo acesso mais simples e fácil a investidores de todos os perfis. E essas operações bombaram nas últimas duas semanas.
A plataforma de negociações do banco Inter registrou, nesse período, um crescimento de 75% no número de novos clientes em relação à média do ano até outubro. As movimentações saltaram 252%, na mesma base de comparação, sendo que, só no fim de semana pós-eleição de Trump, o volume transacionado cresceu 76%. Os ativos sob custódia mais que dobraram, com alta de 162%.
A plataforma íon, do Itaú Unibanco, registrou, nas últimas semanas, um salto de aproximadamente 200% no fluxo de compra de Bitcoin.
Matheus Amaral, especialista em renda variável do Inter, explica que o aumento do volume transacionado nas plataformas dos bancos tradicionais pode ser explicado justamente pela facilidade de acesso:
" O investidor já está familiarizado com o aplicativo do seu banco, então é mais intuitivo negociar criptos nessas plataformas.
No Brasil, vitaminado pela alta do dólar, o Bitcoin chegou a R$ 530 mil. O valor é inalcançável ao pequeno investidor, mas se torna acessível com o fracionamento do ativo " como se fosse um fundo de investimento em que podem ser adquiridas cotas. Em quase todas as plataformas, o valor mínimo varia de R$ 1 a R$ 10.
ETFs são porta de entrada
André Portilho, sócio do BTG e fundador da plataforma cripto Mynt, lembra que o primeiro trimestre deste ano já foi muito forte, repercutindo o lançamento de ETFs (fundos de índice negociados em Bolsa) de Bitcoin nos EUA, em janeiro. Os fluxos de capital para esses ETFs, vindos principalmente dos investidores institucionais, bateram a casa de US$ 1 bilhão em poucos dias, e o Bitcoin atingiu US$ 73.700, um recorde na ocasião.
Pouco depois, a criptomoeda passou a ser negociada entre US$ 50 mil e US$ 40 mil. Mas o cenário foi mudando ao longo da campanha eleitoral nos EUA, graças às declarações favoráveis a esses ativos por parte de Trump.
Portilho confirma que a Mynt também registrou expansão do número de clientes, mas não divulgou números. Ele conta ainda que aumentou a procura, por parte de clientes do BTG, por informações sobre esses ativos.
Como citado por Portilho, ETFs são os produtos de investimento regulados que servem como porta de entrada ao universo cripto, por serem mais simples e, teoricamente, mais seguros. Na B3 estão listados 12 ETFs de criptoativos.
Fundos de investimentos multimercado também permitem acessar o mercado cripto com produtos mais sofisticados. Há carteiras que, inclusive, misturam Bitcoin com renda fixa, para diluir os riscos.
Pioneiro no Brasil, lançado em 2021, o ETF HASH11, da gestora Hashdex, alcançou, no último dia 11, o maior volume de negociação desde janeiro de 2022, com aproximadamente R$ 144 milhões transacionados. Entre os dez ETFs mais negociados nesse dia, quatro eram focados em cripto, aponta a Hashdex.
" A demanda por criptoativos voltou a ficar aquecida, e a maior parte desse volume foi canalizada para o HASH11, que é o maior e mais líquido entre os ETFs do mercado brasileiro " diz João Marco Cunha, diretor de gestão da Hashdex. " Fora os ETFs, também houve um aporte substancial através dos nossos fundos, com mais de R$ 17 milhões investidos.
No Itaú, tanto o ETF BITI11 quanto o fundo Itaú Index Bitcoin tiveram aumento superior a 30% nos ativos sob gestão e de cerca de 5% no número de cotistas nas últimas semanas, conta Renato Eid Tucci, superintendente de estratégias indexadas e investimento responsável da Itaú Asset.
Cuidado com o Fomo
Mas, se qualquer decisão de investimento deve ser estudada e ponderada, no universo cripto a cautela tem que ser redobrada.
O forte crescimento no número de interessados em investir em Bitcoin é, em grande parte, resultado de um comportamento característico de ativos mais voláteis: o Fomo, acrônimo para a expressão em inglês fear of missing out (medo de ficar de fora).
O Fomo acontece muito no mercado acionário, quando uma empresa desponta e todo mundo quer aproveitar a valorização sem estudar os fundamentos. Quanto mais sobe o preço, mais as pessoas compram. Quando o preço cai, todo mundo quer vender. Resultado: prejuízo no bolso e frustração.
" Esse cenário pós-eleição de Trump é basicamente especulativo, porque não se sabe o que ele vai fazer quando tomar posse "pondera Amaral. " Há muitas apostas. Por isso, essa fase de valorização intensa é retroalimentada pelo Fomo.
O especialista do Inter recomenda uma fatia de no máximo 5% do portfólio em cripto, no caso de investidores com perfil moderado e agressivo:
" Os conservadores devem passar longe.