São paulo tem primeira loja-conceito da tiffany na américa latina
Num momento em que as vendas da Tiffany & Co. no Brasil crescem dois dígitos e em direção ...
Num momento em que as vendas da Tiffany & Co. no Brasil crescem dois dígitos e em direção à alta joalheria " crème de la crème desse mercado " a companhia do grupo LVMH abre hoje em São Paulo sua primeira loja-conceito na América Latina. O espaço de dois andares e 408m² no Shopping Iguatemi é inspirado na unidade icônica da marca na Quinta Avenida, em Nova York, mas customizada "sob medida" para a clientela brasileira, afirma o CEO Anthony Ledru. A escolha não é à toa. O mercado de luxo no país deve movimentar, segundo estudo da Bain&Company, R$ 133 bilhões em 2030, um salto sobre os R$ 74 bilhões de 2022.
Após experimentar um boom de vendas no pós-pandemia globalmente, o mercado de joias e relógios de luxo desacelerou, refletindo as mudanças no cenário econômico e geopolítico internacional. Ainda assim, o Brasil vem nadando contra a corrente. Em quatro anos, o negócio mais que dobrou de tamanho no país, conta o executivo.
" E pode dobrar de novo. Isso vai acontecer se fizermos a coisa certa, focando não tanto em venda, e mais em qualidade. Nos últimos 12 meses, o cenário tem sido um pouco mais desafiador para o mundo do luxo, mas já avançando bem de dois a três meses para cá " afirma Ledru ao GLOBO. " O Brasil cresce duplo dígito todo ano. Agora, bem alto. Não 10% ou 20%, mais do que isso.
O reflexo desse movimento está na unidade que substitui a antiga loja que a marca mantinha no shopping, agora posicionada na entrada mais nobre do Iguatemi e ladeada por Louis Vuitton (do mesmo grupo da Tiffany) e Chanel.
" Passamos de quase invisíveis à marca de luxo mais visível do shopping. E isso significa sucesso, porque 80% a 90% do sucesso é tráfego. E temos bons vizinhos " destaca ele. " Não costumávamos ter grande conjunto de alta joalheria no país, mas está vindo, e não só para a inauguração. Temos coleção permanente com preços de US$ 100 mil a alguns milhões de dólares.
Mercado mais maduro
O Brasil é o segundo maior mercado da Tiffany na América Latina, com seis lojas e e-commerce, atrás do México, mas driblou o país como endereço da primeira loja-conceito na região. Com mais de 350 lojas no mundo, a companhia fez 30 inaugurações desde 2021 e tem cem pontos renovados, em cidades como Tóquio e Dubai, fora Nova York, reaberto em abril de 2023.
No varejo, combinar impulso ao movimento de clientes, de vendas e aprimoramento de mix " rumo a tíquetes crescentes" está no centro da estratégia da Tiffany pós-aquisição pelo LVMH, no início de 2021, quando Ledru subiu ao comando. E que é igualmente compartilhada por shoppings voltados ao público classe A.
O executivo conta que as conversas sobre a loja-conceito começaram há três anos, num encontro com Carlos Jereissati, membro do Conselho de Administração da Iguatemi S.A. e da família fundadora do grupo. A ideia era renovar o ponto anterior no shopping, mas a opção foi por algo "ainda melhor e mais ambicioso".
No ano passado, a Iguatemi informou que havia realocado nove lojas para abrigar a nova da Tiffany no shopping paulistano, o que resultou em R$ 22,4 milhões em revenda de pontos para a empresa.
" Isso mostra como uma flagship pode ser uma âncora especial. Há amadurecimento do mercado. Ainda que o país continue muito desigual, há dez anos não se teria a massa crítica atual em consumidor de luxo. E há mais concorrência. O shopping é remunerado pelo aluguel, mas tem percentual das vendas. O metro quadrado segue se valorizando " destaca Fabio Rocha Pinto e Silva, sócio da área imobiliária do Pinheiro Neto Advogados.
‘régua para cima’
Cristina Betts, CEO da Iguatemi S.A., diz que foram mais de 18 meses de negociação com lojistas numa "dança das cadeiras" para abrir o novo espaço para a Tiffany que, há 20 anos, abriu no Iguatemi a primeira loja no Brasil. Em 2008, conta, o Iguatemi comprou parte do espaço então da Americanas e trouxe a Gucci:
" Se o shopping está indo bem, a gente consegue puxar a régua para cima. No Pátio Higienópolis, foram mais de dez anos negociando área para a Zara. Quando a loja abriu, o fluxo subiu 20%. Todos os lojistas se beneficiam. A Tiffany terá esse efeito no Iguatemi. Sobem aluguel, venda, fluxo.
Ledru compara a gestão e o portfólio da joalheria à produção de um filme, destacando que as lojas garantem uma experiência autêntica de cinema. Segundo ele, é a diferença entre o "pronto para vender" e a alta costura, e com o diferencial do atendimento local.
A loja tem projeto da Metro Arquitetos, com fachada alusiva à flora brasileira e composta por tubos de vidro feitos na Alemanha e cortados e montados aqui. O interior carrega a tradição da marca com o toque de artistas contemporâneos nacionais. A sala privativa para atendimento exclusivo tem papel de parede de Vik Muniz, que está presente na loja de Nova York.
Muniz frisa que o comprometimento com a arte contemporânea foi uma motivação do arquiteto Peter Marino na repaginação da sede da Tiffany em Nova York.
" O sucesso da galeria-museu foi tamanho que a marca decidiu espelhar a ideia para todas as filiais. Tem sido um prazer imenso colaborar com a Tiffany no conceito global, particularmente quando uma das mais importantes filiais está localizada na minha cidade natal "diz Muniz.
Glauco Humai, presidente da Abrasce, que reúne os shoppings, diz que o aprimoramento do mix de lojas e a introdução de operações exclusivas reflete a constante adequação a mudanças no comportamento dos consumidores:
" O mix único reforça o posicionamento competitivo dos shoppings, impulsiona o fluxo de visitantes, a geração de receitas e sinaliza a expertise dos shoppings de interpretar tendências de mercado.
Há uma área para as coleções com ícones da marca, e que estão entre as mais vendidas no Brasil, como Hardware e Lock, além do Bird on a Rock " broche de brilhantes, inspirado em uma cacatua e criado por Jean Schlumberger em 1965, referência em alta joalheria para a marca e cujo valor médio dobrou desde 2021 ", e o espaço All About Love, de anéis de noivado. Há móveis de Humberto Campana, mesa da ceramista Francis Petrucci e obra de João Carlos Galvão.
A marca se prepara para a renovação da loja do Shopping Cidade Jardim.
" Nenhuma marca fez o que estamos fazendo. Pode soar arrogante, mas devemos criar uma tendência. Acho que (outras marcas) terão que ir atrás " conclui Ledru.