Miércoles, 08 de Enero de 2025

Quintais com rejeitos da samarco viram hortas em mg

BrasilO Globo, Brasil 7 de enero de 2025

Sandro Trindade de Freitas fez um plantio de subsistência no quintal da sua casa, em Barra ...

Sandro Trindade de Freitas fez um plantio de subsistência no quintal da sua casa, em Barra Longa (MG), e já começou a colher parte da produção de mandioca, abóbora, quiabo, alface, cebolinha, milho e de árvores frutíferas como maracujá, laranja e tangerina. Freitas faz parte de um grupo de 152 famílias que tiveram seus quintais atingidos pelos rejeitos da barragem de Fundão, em Mariana (MG), que pertencia à Samarco, e que tentam retomar as atividades agrícolas de subsistência.
A barragem da fabricante de pelotas de minério de ferro, controlada pela Vale e pela BHP Billiton, se rompeu em novembro de 2025, deixando 19 mortos, e atingindo 49 municípios de Minas Gerais e Espírito Santo, incluindo a costa marítima, com 43,7 milhões de metros cúbicos de rejeitos.
Em outubro do ano passado, as três empresas, os governos federais e estaduais, com intervenção do Judiciário, chegaram a um acordo de reparação no total de R$ 170 bilhões. O valor inclui R$ 38 bilhões que já foram aplicados pela Fundação Renova, criada em 2016 por Samarcos, Vale e BHP, em compensações a vítimas ou projetos de reparação e restauração.
Um deles é o Quintais Saudáveis, projeto voltado para devolver aos moradores as condições para produzirem alimentos em suas propriedades, apenas para consumo próprio. As famílias que integram o programa dedicam-se a atividades como produção de peixes, abelhas, pomares e hortas, além de paisagismo.
" Algumas culturas eu já colhi e tive resultados satisfatórios. Maracujá, por exemplo, produziu bastante. Em compensação, laranja e mexerica estão com o desenvolvimento lento " relata Freitas, que, antes do rompimento da barragem, mantinha no quintal de mil metros quadrados milho, mandioca, feijão e árvores frutíferas. Segundo ele, não houve remoção de lama dos quintais atingidos. " Fizeram um nivelamento e adicionaram por cima uma cama de terra de uns 20 ou 30 centímetros.
Os rejeitos acabaram ficando nas propriedades por decisão dos órgãos públicos, que consideraram que a retirada do material causaria um impacto ambiental maior do que manter a camada de rejeitos no lugar.
areia, difícil de plantar
As primeiras tentativas de plantio nos terrenos atingidos não deram certo. Por ser composto principalmente de areia, o rejeito é um material difícil para as plantas se desenvolverem, segundo Paolo Sequenzia, analista de uso sustentável da terra na Fundação Renova.
Uma das soluções foi cavar berços de plantio com abertura e profundidade maiores, o que tornou possível "vencer" a mancha de rejeito. Em seguida, as covas receberam micro-organismos por meio de uma técnica conhecida como "bokashi", uma mistura de matérias orgânicas de origem vegetal fermentada, para melhorar o equilíbrio biológico do solo. Outra solução foi o uso do pseudocaule da bananeira no berço de plantio de mudas, para funcionar como fonte de nutrientes, água e microrganismos.
O Quintais Saudáveis recebeu um investimento de R$ 6,5 milhões. A realização ficou a cargo da ONG Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPCD), e cada morador escolheu as atividades que queria. O projeto terminou no fim de dezembro.
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