Domingo, 27 de Abril de 2025

Etfs de ouro: é hora de comprar ou o barco já passou?

BrasilO Globo, Brasil 17 de febrero de 2025

O investimento em ouro tem rendido bons frutos: os contratos do metal negociados em Bolsa, ...

O investimento em ouro tem rendido bons frutos: os contratos do metal negociados em Bolsa, que são cotados em dólar, valorizaram 21% em 2024. Considerando a relação da moeda brasileira com a americana, na qual o ativo é negociado, o retorno foi de 61%, ficando na segunda posição entre os ativos mais rentáveis no último ano, só atrás do Bitcoin. E em cenários nebulosos como o atual, dizem analistas, o ouro tende a ganhar ainda mais atratividade. Será, então, hora de investir? Ou esse barco já passou?
Na Bolsa brasileira, investidores podem comprar, via corretoras, três fundos que replicam índices do ouro no mercado internacional. Nos últimos 12 meses, eles acumulam altas superiores a 60%. Segundo especialistas, foi a forte valorização desses fundos e do próprio ouro que atraiu a atenção dos brasileiros.
" Parte dessa alta se deve à desvalorização do real, e parte, à aversão a risco pelo cenário geopolítico, com guerras intensificadas na Europa e no Oriente Médio " diz Alex Falararo, analista e estrategista de investimentos do PagBank.
contra a inflação
A gestora Mirabaud é otimista sobre a valorização da commodity. A demanda dos bancos centrais pelo metal, dizem os analistas, está acima da média e não mostra sinais de desaceleração. E, sendo um metal precioso com oferta limitada, seu preço tende a valorizar.
Além disso, a gestora avalia que as economias desenvolvidas podem enfrentar alta na inflação, sobretudo em decorrência das políticas do presidente americano Donald Trump, como sobretaxa nas importações e deportação de imigrantes. Mas esses países podem resistir a subir os juros de início, dado o risco de recessão. Com isso, o ouro pode se manter como um investimento conservador com elevada rentabilidade.
Por outro lado, há quem acredite que os juros podem subir nos EUA ainda este ano, colocando em xeque uma valorização mais forte do ouro.
" A menos que ocorram mudanças significativas de política, esperamos que o déficit dos EUA aumente e que a inflação permaneça elevada por mais tempo. A perspectiva para o ouro em 2025 é um pouco mais incerta, já que o cenário é turvo " diz Trevor Yates, analista da Global X.
Eric Hatisuka, executivo-chefe de investimentos do multifamily office da Mirabaud no Brasil, pontua ainda que as cotações máximas vistas em 2023 e renovadas no ano passado talvez não se repitam:
" Podemos ter mais juros para conter o repique inflacionário gerado tanto por conta das tarifas impostas por Donald Trump quanto por dados do mercado de trabalho americano aquecido. Então, os ganhos com ouro não devem ser tão altos. O investidor institucional está preparado para isso, mas a pessoa física nem sempre faz uma análise mais profunda do que isso significa. Às vezes ela só busca o investimento porque valorizou.
Historicamente, no entanto, a commodity é um bom investimento contra a inflação. E vem atraindo mais gente.
De 20 a 26 de janeiro, semana da posse de Trump, os ETFs (fundos que replicam algum índice da Bolsa) de ouro registraram aplicações líquidas de US$ 1,6 bilhão (equivalente a 19 toneladas), o maior volume semanal desde outubro, segundo levantamento da Mirabaud. O movimento, guiado por investidores institucionais, levou os contratos futuros de ouro a seus maiores níveis em três meses.
Yates, da Global X, ressalta que, apesar da volatilidade na cotação, no longo prazo o ativo é eficaz na proteção do poder de compra. Ele avalia que isso vai se manter e é "ainda mais relevante no cenário de inflação elevada por mais tempo":
" Para um portfólio diversificado, é necessário ter alocação em ativos descorrelacionados, ou seja, que se comportam de forma independente do restante do mercado, e o ouro tem essa característica " diz Cauê Mançanares, presidente da gestora Investo.
Como investir em ouro?
Para quem planeja investir em ouro, há instrumentos que facilitam isso. Os principais são os ETFs de ouro físico, mas deve-se ter atenção.
Na B3 há três opções, e todas acompanham o LBMA Gold Price, índice global que tem como referência o preço do ouro à vista em dólar. Duas delas são do tipo BDR (um Brazilian Depositary Receipt, que "espelha um ativo estrangeiro na Bolsa): o ABGD39 e o BIAU39. O primeiro tem rentabilidade em 12 meses de 66,50% e taxa de administração de 0,17% ao ano, mas soma só dez cotistas, segundo dados da B3, o que pode reduzir sua liquidez. O segundo tem rentabilidade de 68,35% em 12 meses e taxa de 0,25%, mas 1,6 mil cotistas. E á o GOLD11, ETF com rentabilidade de 65,50% em 12 meses, taxa de 0,30% e 32,6 mil cotistas.
Além dos BDRs e ETFs, é possível comprar ouro físico observam Yates e Falararo. As desvantagens são a baixa liquidez e uma gestão arriscada e custosa.
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