Sábado, 15 de Marzo de 2025

Pesquisa mede o tamanho do desejo do brasileiro de se tornar jogador de futebol

BrasilO Globo, Brasil 15 de marzo de 2025

quem não sonhou?

quem não sonhou?
Já se passaram quase 30 anos desde que a banda mineira Skank perguntou, num de seus maiores hits, "Quem não sonhou em ser um jogador de futebol?". No país onde muitas crianças ganham uma bola como seu primeiro presente, é o desejo de muitos, que até subestimam a dificuldade que acompanha uma carreira no esporte. Em pesquisa do site Bolavip Brasil, em parceria com a instituição Research Without Barriers, 47% dos entrevistados garantem que teriam condições de se tornar jogadores profissionais de primeiro nível. E como sonhar não custa nada, há quem vá mais longe: 12% acreditam que superariam Vinicius Junior em nível de jogo.
A pesquisa ouviu 2.033 torcedores brasileiros entre 25 e 28 de novembro do ano passado. Participaram pessoas a partir dos 18 anos e de todas as regiões do país. Além dos 47% que acreditam que chegariam no profissional, 38% cravam que não seriam jogadores, enquanto 16% não souberam responder.
Outros resultados mostram também que os brasileiros acreditam estar próximos dos níveis de atletas de elite como os da seleção brasileira. Confrontados com nomes selecionados do futebol do país e da seleção, como Gabigol, Casemiro, Neymar, Vinicius Junior e Richarlison, 18% dos entrevistados dizem não acreditar que jogariam em patamares acima se fossem atletas. Por outro lado, 9% acreditam que superariam Neymar em nível de jogo. Vinicius Junior também ficaria para trás para 12% dos entrevistados. O goleiro Alisson (16%) e o volante Casemiro (15%) são os mais apontados como "superáveis".
O GLOBO procurou as peladas tradicionais do Aterro do Flamengo, na Zona Sul da cidade, para entender o quão prevalente é essa percepção no dia a dia. Entre os vários que relataram ter tentado seguir a carreira no futebol, há o entendimento de que, de fato, teriam chances de histórias bem sucedidas no esporte. As razões para o não prosseguimento são quase uníssonas: lesões, escolhas de carreiras diversas e "falta de empresário".
" Muita gente do morro joga mil vezes melhor e não tem empresário, não tem oportunidade e não joga. Não chegam lá. Faz só o teste e é peladeiro. Só que se tiver um acompanhamento, com certeza vai virar profissional. O que falta é isso, é base. Falta investimento na favela " opina Marcus Vinicius Oliveira, participante de uma das peladas mais antigas do local. Morador de Santa Teresa, ele relata ter passado pelas categorias de base de Vasco, Artsul e America.
Mental em dia
A escolha de carreira é uma das renúncias que quem segue o futebol profissional deve passar. Esse foi um dos temas abordados na pesquisa. De uma lista de 11 sacrifícios que a carreira no esporte exigiria, em questões como afastamento da família, pormenores sociais e de dia a dia, o sacrifício que os brasileiros estariam mais dispostos a fazer seria ficar longe dos familiares: 20% topariam.
Além disso, 19% estariam dispostos a sacrificar os feriados por 12 anos; 17% a perder sua vida privada e mudar o estilo de vida (alimentação, sono e vida social); e 15% a abrir mão de postar em suas redes sociais sem limitações.
Para o atacante Wellington Paulista, um dos maiores artilheiros do Brasileirão e aposentado há pouco mais de um ano, a distância da família é um dos maiores pesos na carreira profissional:
"É uma situação muito delicada para nós, mas que é saúde mental. Tem que estar bem, em dia, porque já conheci muitos jogadores que que por saudade voltaram para casa, deixaram de lado o futebol. Por namorada, família, amigos, festa. A saúde mental tem que estar aflorada, sabendo o que você está fazendo em busca do seu sonho.
Wellington hoje atua na várzea. Por lá, vê atletas que julga ter condições de atuar profissionalmente, o que já viu acontecer. Ele enxerga a parte física como o principal diferencial na transição:
" O profissional treina todos os dias e o cara que joga na várzea, no amador, não. Por mais que hoje esteja melhorando a parte física, alguns estejam treinando duas ou três vezes por semana, não é igual ao profissional que treina todos os dias e é preparado para aquilo.
O mental (15%) e as condições físicas (18%) foram algumas das principais características que os entrevistados da pesquisa apontaram como acima da média em uma perspectiva de se tornar profissionais. Mas as que os ouvidos consideram de maior destaque são o passe (23%) e o drible/controle de bola (23%). A capacidade defensiva (17%) e a finalização (16%) também foram bastante citadas. Outros 19% dizem não ter nenhuma característica acima da média.
parte física
Para quem tem preparado atletas para assumir o desafio no profissional, o físico e o mental são de fato os aspectos mais importantes. É o que diz o atacante Patrick Fabiano, o Habibi. Ao lado do documentarista Quinute, ele toca, em São Paulo, o "Segunda chance com Habibi", uma seleção de jogadores da várzea que disputam amistosos para trazer visibilidade e oportunidades. Foi o caminho, por exemplo, de Fabio Azevedo, um dos destaques do São Caetano na Série A4 do Paulista.
" A parte física de um atleta profissional de alto nível é muito preparada. Não é algo de seis meses, são anos de trabalho. O cara que fez a base inteira está desde os 12 ou 13 anos treinando para caramba. Com 25, será um tanque de guerra. Um cara da várzea que nunca se alimentou e treinou direito, quando dividir uma bola com um zagueiro preparado, a diferença de força vai ser absurda. A velocidade da tomada de decisão é diferente " diz ele, antes de ponderar um diferencial. " Mas ele ainda tem a parte técnica. Existem alguns jogadores de várzea que têm uma coisa ao natural. A força, a técnica, a velocidade de tomada de decisão.
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