Lunes, 17 de Marzo de 2025

Voepass usava peças de aviões sucateados em manutenção

BrasilO Globo, Brasil 17 de marzo de 2025

Na semana passada, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) mandou suspender as ...

Na semana passada, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) mandou suspender as operações da Voepass, companhia aérea que se tornou conhecida após a queda de uma aeronave ATR-72-500 em Vinhedo, em São Paulo, que matou 62 pessoas. Na edição de ontem do Fantástico, um mecânico da empresa, que não foi identificado, relatou problemas de manutenção na aeronave do acidente, descrita como a que "sempre dava problemas", como panes, e que os superiores mandavam manter em operação. O caso é investigado pelo Centro de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).
Segundo o funcionário, os procedimentos não foram revistos após o acidente, ao contrário. Ele relatou que quatro a cinco aviões sucateados, que ficavam parados em solo, em um terreno anexo ao aeroporto em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, eram canibalizados para fornecer peças de manutenção a aeronaves em operação. A prática de desmonte e reaproveitamento de peças não é um problema em si, mas, segundo o funcionário, ela era feita de forma irregular.
"A Voepass não dá suporte nenhum para a gente da manutenção. Não só de materiais, de componentes que vão ser postos nos aviões, colocados para manutenção, como ferramentas, tudo disse o funcionário ao programa, e acrescentou: "A manutenção sabia que o avião estava ruim, a manutenção reportava, falava, avisava, e eles [a cúpula da empresa] queriam obrigar a gente a botar o avião para voar".
‘Aviões fadigados’
Arrendadores também acusam a empresa de retirar componentes essenciais das aeronaves alugadas à empresa. Em um pedido de reintegração de posse de dois modelos semelhantes ao que se acidentaram ao qual a reportagem do programa teve acesso, o dono afirma que a empresa agiu de má-fé ao desinstalar, inclusive, três motores.
O celular do copiloto que morreu no acidente, Humberto Alencar, também foi periciado e revelou a crise operacional pela qual a empresa passava. A viúva do comandante levou o aparelho a uma assistência técnica, e mensagens recuperadas revelam que ele se preocupava com a segurança das aeronaves:
"Essa aviação tá complicada, meu caro, com esses aviões fadigados. Tem que rezar para esse pessoal fazer o possível para modernizar essa frota. Porque é complicado". Mensagens em um grupo de tripulantes revelam problemas, como portas que não fechavam completamente.
Ao suspender as operações, a Anac afirmou que a decisão era resultado "da incapacidade da Voepass de solucionar irregularidades identificadas no curso da supervisão realizada pela agência, bem como da violação das condicionantes estabelecidas anteriormente para a continuidade das operações dentro dos padrões de segurança exigidos".
aérea nega irregularidade
Em resposta ao Fantástico, a Voepass disse que pretende retomar atividades o mais brevemente possível, e que nos 30 anos de atuação da empresa, a segurança dos passageiros e da tripulação sempre foi e continuará sendo prioridade máxima. A empresa disse que o relatório preliminar do acidente feito pelo Cenipa confirmou a aeronavegabilidade do avião envolvido na tragédia, com todos os sistemas requeridos em funcionamento.
Sobre a reutilização de peças, a empresa afirmou que quando uma aeronave tem certificação de aeronavegabilidade e componentes devidamente rastreados, não há impedimento para o uso desses componentes em outros aviões. A empresa contestou as denúncias de irregularidades, afirmando que segueos protocolos que atestam a conformidade de seus procedimentos.
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