Jueves, 05 de Junio de 2025

Juros altos trazem mais calote. vale comprar cdb, lca e debênture?

BrasilO Globo, Brasil 14 de abril de 2025

Com a taxa básica de juros (Selic) caminhando para 15% ao ano, o maior nível em 19 anos, ...

Com a taxa básica de juros (Selic) caminhando para 15% ao ano, o maior nível em 19 anos, até os investimentos de renda fixa ficam mais arriscados, embora ofereçam retornos altos. Nesse ambiente, bancos e empresas devem sofrer com a redução do consumo e o aumento da inadimplência, enquanto as dívidas custarão mais caro. Assim, cresce o risco de os emissores dos papéis de renda fixa darem calote nos investidores.
Isso significa que o Tesouro Direto, mais seguro e pagando juros elevados, ganha atratividade em comparação aos títulos emitidos por bancos, como os Certificados de Depósito Bancário (CDBs) e as Letras de Crédito do Agronegócio e Imobiliário (LCAs e LCIs). Os títulos públicos também ficam mais sedutores em relação aos papéis emitidos por empresas, como os Certificado de Recebíveis do Agronegócio e Imobiliários (CRAs e CRIs) e as debêntures.
Isso não quer dizer que está proibido investir nessas aplicações, mesmo quando emitidas por empresas e instituições financeiras de melhor qualidade ou que paguem juros acima do CDI (que segue de perto a Selic, hoje em 14,25% ao ano). Mas é preciso um cuidado maior.
É hora de avaliar com cautela se o juro a mais oferecido em relação ao Tesouro Direto vale a pena em relação ao risco de o emissor dar calote, considerando que esse risco tende a subir no futuro. Muitas vezes, não vale.
Alguns analistas dizem que, neste momento, esse risco de inadimplência não compensa e aconselham dar preferência ao Tesouro Direto. Mas há quem recomende investir nesses papéis, desde que escolhidos a dedo, para ter um retorno um pouco acima do CDI.
A maior parte dos bancos e empresas consegue atravessar com saúde os períodos mais críticos da economia. O porte dos negócios importa: as companhias grandes sobrevivem bem melhor do que as médias e pequenas. Mas, historicamente quando os juros sobem, aumentam os pedidos de recuperação judicial " o que está acontecendo.
O número de pedidos de recuperação judicial no país bateu recorde em 2024: 2.273, segundo a Serasa Experian. Isso representa apenas 0,01% do total de empresas brasileiras, mas é um alerta. Apesar de a maioria desses negócios serem pequenos e médios, há mais de 20 companhias na Bolsa nesses processos.
Risco não compensa
A variedade e o número de negócios que recorrem à emissão de papéis privados vêm subindo, o que aumenta a oferta, mas também o risco para os investidores. Em 2024, as empresas captaram R$ 574,8 bilhões por meio dos títulos de dívida corporativa, um volume recorde.
Mas os bancos, ainda que esperem expansão da carteira de crédito este ano, devem ter mais cautela na concessão de crédito a segmentos mais dependentes do cenário econômico. É mínimo o risco de uma crise sistêmica, mas pode haver casos isolados de quebras, avaliam especialistas.
Esse cenário exige atenção de quem investe na renda fixa. Marília Fontes, sócia-fundadora da Nord Investimentos, só aconselha, neste momento, títulos do Tesouro Direto. Para ela, os juros dos papéis emitidos por bancos e empresas não estão compensando o risco:
" Os juros de CDBs, LCAs e LCIs recuaram muito em meio à enorme demanda pelos papéis de renda fixa, assim como os das debêntures, e está difícil encontrar taxas boas. Os investidores não estão sendo remunerados suficientemente pelos riscos que correm " afirma. " Não vejo sentido em abrir mão de liquidez, retorno e segurança no Tesouro Direto para não ganhar bem mais em um papel emitido por um banco médio ou pequeno ou por uma empresa.
Thiago Carone, coordenador comercial da Nova Futura Private, tem aconselhado os assessores da corretora a ensinarem os investidores a terem mais cautela com CDBs, LCAs e LCIs:
" Os investidores precisam se preocupar neste momento em entender se os bancos emissores estão saudáveis.
Ele alerta que, apesar de o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) assegurar os depósitos de até R$ 250 mil por CPF e por banco em CDBs, LCAs, LCIs se a instituição financeira quebrar, o dinheiro leva um tempo para ser depositado, e o investidor deixa de obter rendimento nesse período.
Já Camilla Dolle, chefe de análise de renda fixa da XP, acha que os papéis emitidos pelos bancos não são uma fonte de preocupação neste momento, desde que não sejam de qualquer um. Já os títulos das empresas são mais delicados porque não são cobertos pelo FGC.
Contudo, explica Dolle, embora os papéis estejam com juros menores e riscos maiores, o crédito privado ainda é uma opção para elevar os ganhos sem sair da renda fixa. Ela recomenda selecionar títulos emitidos por empresas de maior porte, que não estejam excessivamente endividadas.
Só 20% da carteira
Dolle ainda aconselha optar por papéis de duração mais curta e ter no máximo 5% da carteira em apenas um emissor. Quanto maior o risco, menor deve ser a exposição. E o crédito privado como um todo deve ser no máximo 20% da carteira de investimentos.
Os especialistas recomendam ainda acompanhar as avaliações das agências de classificação de risco, como S&P Global, Moody’s e Fitch. Elas analisam bancos e empresas " se uma companhia não tem avaliação de crédito, melhor evitar.
Segundo a S&P Global, a nota média de crédito dos emissores que dão calote é "B+" sete anos antes dos acontecimentos. Já oito meses antes, a nota é reduzida para "B-", e um mês antes, cai para "CCC". Assim, em média, a piora não é uma surpresa e pode ser acompanhada pelos rebaixamentos das notas de crédito e pelas notícias e resultados publicados.
Claro que há exceções. A Americanas, por exemplo, era avaliada como "AAA", ou seja, nada indicava um problema no crédito. Mas foi um caso de fraude, ressaltam analistas.
Os relatórios das plataformas de investimentos e das casas de análises também podem ajudar os investidores.
Lais Costa, analista de renda fixa da Empiricus, diz não ver um risco sistêmico nos bancos que preocupe neste momento. Ela geralmente aconselha CDBs, LCAs e LCIs em seus relatórios. Atualmente, Costa indica papéis dos bancos ABC Brasil, BTG Pactual (dono da Empiricus), Daycoval, Paraná Banco e Sofisa Direto.
Já em relação às debêntures, ela tem cautela. E alerta:
" Para investir a reserva de emergência, é melhor Tesouro Direto, fundo DI com taxa zero ou CDB de bancão.
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